
No último pregão de 2025, o mercado financeiro brasileiro encerrou o ano com sinais claros de fortalecimento dos ativos locais. O dólar registrou forte queda frente ao real e a Bolsa de Valores fechou no maior nível desde 2016, consolidando um dos melhores desempenhos da última década. Analistas avaliam que a combinação de juros elevados no Brasil, melhora nos fundamentos econômicos e fluxo estrangeiro foi decisiva para o resultado.
Na sessão final do ano, o dólar caiu 1,47% e foi cotado a R$ 5,489 no mercado comercial para venda. Com isso, a moeda estadunidense acumulou desvalorização de 11,2% em 2025 frente ao real, a maior retração anual desde 2016, quando a queda havia sido de 16,5%. No início do ano, a divisa era negociada a R$ 6,18, o que evidencia uma reversão significativa ao longo dos últimos 12 meses.
A última sessão também foi marcada pela formação da Ptax, taxa de referência calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e utilizada para a liquidação de contratos futuros. Tradicionalmente, esse movimento aumenta a volatilidade, já que investidores ajustam posições para influenciar o valor final da taxa, o que contribuiu para oscilações mais intensas ao longo do pregão.
No cenário internacional, os juros nos Estados Unidos seguiram no radar dos investidores. O Federal Reserve divulgou a ata da última reunião em que promoveu o terceiro corte consecutivo da taxa básica.
O documento reforçou a divisão interna entre os dirigentes da autoridade monetária, ampliando a expectativa de uma pausa no ciclo de afrouxamento monetário já na reunião de janeiro. A política monetária estadunidense exerce influência direta sobre os fluxos de capitais e sobre a dinâmica dos juros no Brasil.

Na Bolsa, o Ibovespa avançou 0,40% no último pregão do ano, encerrando aos 161.127 pontos. O índice registrou sua quinta alta nas últimas sete sessões e acumulou valorização de 34% em 2025, o melhor desempenho desde 2016, quando havia subido 38,9%. O resultado veio após um ano difícil em 2024, quando o índice havia recuado cerca de 10%.
Especialistas apontam que o desempenho da Bolsa foi sustentado principalmente pelo diferencial de juros, que atraiu investidores estrangeiros, pelos preços considerados descontados em comparação a outros mercados e pela melhora nos balanços de empresas relevantes do índice. O fluxo positivo de capital externo foi um dos motores da recuperação dos ativos brasileiros ao longo do ano.
Dados recentes do mercado de trabalho também reforçaram o otimismo. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego caiu para 5,2% no trimestre encerrado em novembro, o menor nível da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. O aumento do emprego e da renda tende a impulsionar o consumo e melhorar as perspectivas de lucro das empresas listadas.
“Um mercado de trabalho sólido ajuda a sustentar a atividade econômica, o que é positivo para o país. Por outro lado, esse cenário traz desafios para o controle da inflação, principalmente no setor de serviços. Os dados da Pnad reforçam nossa expectativa de manutenção da taxa Selic em 15% na reunião de janeiro do Copom. Acreditamos que o ciclo de cortes deve começar em março, com os juros chegando a 13% no fim de 2026”, disse Claudia Moreno, economista do C6 Bank, ao Uol.
Entre os principais ativos disponíveis no mercado brasileiro, o Ibovespa teve o segundo melhor desempenho em 2025, ficando atrás apenas do ouro, que acumulou alta de 65,2%, segundo levantamento da Elos Ayta. Na outra ponta, dólar e Bitcoin encerraram o ano com variações negativas.
Veja o ranking dos investimentos mais valorizados:
- Ouro: + 65,2%
- Ibovespa: + 34%
- Ifix: + 21,2% (índice de fundos imobiliários na Bolsa)
- CDI: + 14,2%
- Poupança: + 8,2
- Dólar: – 11,1% (Ptax)
- Bitcoin: – 17,6%