El País já pensa em abandonar sua edição impressa. Por José Eduardo Mendonça

Atualizado em 19 de maio de 2016 às 14:15

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O jornal mais lido da Espanha, e um dos melhores do mundo, está cada vez mais focado em seus produtos digitais. A circulação do diário caiu 15%  no ano passado, chegando a 200 mil exemplares, segundo dados da Reuters.

A publicação, que ganhou a reputação de veículo da democracia após a morte do diretor Francisco Franco, já vinha perdendo leitores desde a crise econômica iniciada em 2008.

Seu editor chefe, Antonio Cano, chegou a falar recentemente do abandono total da versão impressa, refletindo uma tendência mundial. Em março isto aconteceu com o inglês The Independent.

Enquanto a circulação do El País declina, sua audiência online não para de crescer e é hoje de 16 milhões, diz a consultoria comScore.

“Nos últimos dois anos fizemos uma mudança fundamental no modo como distribuímos notícias digitalmente de diferentes formas”, diz David Alandete, editor executivo do jornal. “Vamos manter uma edição impressa enquanto fizer sentido, mas nosso futuro é online”.

A publicação tem 17 newsletters, com circulação diária, semamal ou menal, cobrindo notícias e tópicos como cultura, cinema e assuntos internacionais. Elas somavam 175 mil assinantes em 2015, um aumento de 132% em relação a 2014. Serão reduzidas a 15, com menos foco em notícias quentes e mais lidas e mais em opinião e análise.

Alandete não comenta especificamente o que aconteceria com El País com o fim da versão impressa. Custos de produção e distribuição seriam eliminados, mas isto deixaria a empresa mais dependente de receita publicitária digital, enfrentando os riscos do bloqueio de anúncios. Na Espanha, 26% das pessoas os bloqueiam. As informações são da Digiday.

Ferramenta no Google permite postar conteúdo

O Google está fazendo uma experiência que permite a agências de publicidade, empresas de mídia, políticos e outras organizações a postar conteúdo diretamente na plataforma, e fazer com que ele apareça instantaneamente nos resultados de busca.

Os testes começaram em janeiro, e agora a ferramenta começa a ser oferecida ao mercado. A Fox News já trabalhou com o Google em debates políticos e a People publicou posts relacionados ao Oscar, por exemplo.

Uma interface permite que posts sejam formatados e inseridos, com até 14.400 caracteres e com a inclusão de links e até 10 imagens ou vídeos. As páginas incluem opções de compartilhamento com Twitter, Facebook e email.

Cada post é hospedado pelo próprio Google em uma página dedicada, e aparece em um carrossel de páginas de resultados de busca relacionadoas a seus autores por até uma semana.

Empresas estão cada vez mais distribuindo conteúdo ao publicar diretamente em grandes plataformas online, em vez de levar usuários a seus próprios websites, utilizando ferramentas como o Instant Articles do Facebook ou o acesso ao Apple News. 

Consumo de notícias em mídias sociais  e apps perto da saturação

Mídias sociais e apps são um destino importante para uma enorme audiência de consumidores de notícias em celulares, mas podem estar perto do ponto de saturação, segundo relatório divulgado recentemente pela Knight Foundation.

A pesquisa, encomendada à Nielsen, inclui respostas de 9 mil pessoas que usaram métricas para monitorar seu uso de apps. Não houve surpresa no resultado: quase nove entre dez americanos (114 milhões de usuários) acessam agora as notícias em seus smartphones e outros aparelhos móveis, um aumento de 9% em relação ao ano passado.

Mas, informa o relatório, o crescimento está desacelerando e pode chegar em breve a um platô. Os apps de celular tiveram queda maior, com taxas de adoção estagnadas em todo o setor (com exceção do Flipboard).

Pessoas que buscam notícias em celulares nos EUA passam 5% de seu tempo nelas por mês. Mas 27% de seu tempo é gasto em sites de mídia social como Facebook e Twitter. Quase dois terços dos usuários de Facebook o usam para ler notícias todos os dias.

O estudo diz ainda que audiência dos apps móveis é pequena mas dedicada e passa mais tempo lendo notícias. Assim, é essencial saber quem são estes usuários.

Gigante da mídia alemã de olho no mercado digital dos EUA

Erguido sobre diários de grande circulação, como Bild e Die Welt, o império de comunicação alemão Axel Springer trabalhou durante anos para diminuir sua dependência da mídia impressa. Agora, quer ser o maior publisher digital em todos os mercados no qual entrar, principalmente o dos EUA e outros de língua inglesa.

Na Alemanha, a empresa transformou o bild.de em negócio rentável. A compra no ano passado do Business Insider por U$ 400 milhões (soma elevada para tal aquisição) se provou acertada, e a ambição cresce, com o mercado europeu de mídia em queda. (O grupo tentou também em 2015 comprar o Financial Times, da Pearson, mas desistiu da oferta. O jornal acabou sendo adquirido pela Nikkei por U$ 1.32 milhão.)

No mercado alemão, os negócios digitais já respondem por 67% da receita do grupo. O número de assinantes online cresceu 20% em 2015 em relação ao ano anterior.

O desafio é que o mercado americano é muito mais competitivo, lembra o Wall Street Journal. E dominado por companhais que vão da mega Alphabet Inc. (Google) até Vox, Vice, Huffington Post e BuzzFeed.

Outra parte da estratégia de crescimento da Axel Springer são os classificados, para substituir a receita perdida dos produtos impressos, informa a Bloomberg.