
Aliados da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmam que ela não pretende retornar ao país. “Ela não volta mais”, disse uma fonte próxima à deputada, segundo Daniela Lima, da GloboNews. A bolsonarista confirmou, nesta terça-feira (3), que deixou o Brasil e pretende se estabelecer na Europa, após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Zambelli fez o anúncio da decisão em transmissão ao vivo da rádio AuriVerde, afirmando que já está fora do Brasil há alguns dias e que solicitará licença do mandato.
“Eu vim, a princípio, buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e, agora, eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo”, declarou. Em entrevista à CNN Brasil, a deputada revelou que está na Itália, onde possui cidadania. “Tenho cidadania italiana e não podem me deportar. Eles não podem me deportar sendo cidadã italiana”, afirmou.

Rompimento com Bolsonaro e fuga inspirada em Eduardo
A saída de Zambelli ocorre em meio a um evidente distanciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que a acusou de ter contribuído para sua derrota nas eleições de 2022. A deputada chegou a reclamar publicamente do abandono por parte do ex-presidente, inclusive na busca por recursos para cobrir dívidas judiciais, que somaram cerca de R$ 3 milhões.
Em março, Zambelli lançou uma vaquinha virtual e arrecadou R$ 285 mil em doações via Pix para pagar multas e custas processuais. A mãe da deputada, Rita Zambelli, que administra suas redes sociais, chegou a sugerir a criação de uma linha de cosméticos como forma de levantar fundos.
A estratégia de exílio é semelhante ao caso de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que fugiu para os Estados Unidos em março, antes de pedir licença do cargo. Zambelli afirmou que pretende atuar na Europa de forma semelhante. “O papel do Eduardo nos Estados Unidos é estratégico — e acredito que precisamos de uma articulação igualmente forte aqui na Europa”, disse.
Sem defesa
Daniel Bialski, advogado que defendia Zambelli, renunciou ao caso após a fuga da parlamentar. Ele alegou que a decisão foi de “foro íntimo”, sem dar maiores explicações. Bialski já havia deixado a defesa de Michelle Bolsonaro em 2023, após apenas oito dias no caso das joias recebidas pelo governo.
Além da condenação pela invasão ao CNJ, Zambelli responde a outro processo no STF por perseguir um eleitor à mão armada em São Paulo, na véspera do segundo turno das eleições de 2022. O caso, que já tem quatro votos pela condenação, pode resultar em pena adicional de cinco anos e três meses de prisão.