
A Electrolux inaugurou em São José dos Pinhais uma nova fábrica de R$ 700 milhões para nacionalizar linhas antes importadas, como liquidificadores e ventiladores, e ganhar mercado no Brasil. “É o nosso maior investimento no Brasil. É um passo essencial para nosso plano de expansão. A empresa vem crescendo bastante nos últimos anos, atingimos a liderança no setor de eletrodomésticos no país, estamos em mais de 70% dos lares e vendemos mais de 15 milhões de produtos por ano”, disse Leandro Jasiocha, CEO do Grupo Electrolux na América Latina.
A planta é a maior expansão da companhia na América Latina e foi desenhada para escalar produção e reduzir dependência de importados. A projeção é chegar, a partir de 2027, a mais de 5 milhões de unidades ao ano, representando 25% do faturamento de eletroportáteis no país, após R$ 37 milhões em P&D. “O investimento de R$ 700 milhões é coerente com as necessidades locais, mas precisamos crescer para garantir que o negócio se pague. Em dois meses, já fabricamos mais de 100 mil produtos. O projeto já está começando a dar frutos e temos a confiança de que logo vamos entregar o retorno aos acionistas da Electrolux.”
A empresa diz não temer as tarifas de 50% dos EUA. Segundo Jasiocha, a operação brasileira não exporta para o mercado americano, onde o grupo atua com a marca Frigidaire. “As tarifas não vão impactar diretamente nossa operação no Brasil e em outros países da América Latina. Como o mercado americano está se fechando e dificultando as possibilidades de negócios para as empresas, a tendência é que as vendas e os volumes de produtos antes focados nos Estados Unidos sejam redirecionados a outros mercados. E como consequência, haverá oportunidades para novas marcas ganharem espaço.” Ele completou: “O momento que passamos gera incertezas e medo, mas acredito muito no potencial do Brasil.”

A fábrica é verticalizada e tem mais de 70% dos componentes de matéria-prima local, diminuindo OEM e ODM asiáticos e custos de frete marítimo. O plano é ampliar portfólio made in Brazil e disputar participação com rivais consolidadas no varejo nacional. Estimativas da consultoria Mordor Intelligence apontam que o mercado de eletrodomésticos no Brasil deverá movimentar US$ 2,14 bilhões até 2029.
Sustentabilidade é eixo central do projeto. “Essa é a primeira planta 100% sustentável do grupo. A gente se preocupou com isso desde o início da construção dessa unidade. Faz parte da nossa cultura. A sustentabilidade é o ponto central de nossas ações. “Temos objetivos bem agressivos de descarbonização e estamos sendo bem sucedidos””, afirmou Ramez Chamma, COO do grupo. A unidade usa energia renovável, veículos internos elétricos, processos de solda de baixo carbono e reaproveitamento de água que economiza 83% do consumo, com redução anual de mais de 2,6 milhões de litros.
O investimento foi pactuado com o Governo do Paraná e a prefeitura local e prevê cerca de 2 mil empregos diretos e indiretos, com 90% das contratações na região. A meta é ser Zero Aterro desde o início, preservar 138 mil m² de área verde com o plantio de mais de 3 mil mudas e buscar certificação LEED nos próximos meses.
“São vários esforços e planejamentos para depender cada vez menos de recursos poluentes, gerar poucos resíduos e descarbonizar nosso trabalho”, disse Chamma. “Nosso compromisso é gerar impactos positivos nas comunidades em que atuamos, sempre colocando as pessoas e o planeta no centro do nosso desenvolvimento.”