Eleição sem Lula não é eleição, é simulacro de democracia. Por Afrânio Silva Jardim

Atualizado em 26 de fevereiro de 2018 às 15:55

Lula e Afrânio

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Nunca acreditei que bastasse haver eleições livres para termos uma verdadeira democracia.

Aliás, o mínimo que se poderia esperar é que tais eleições estivessem livres do poder econômico. Tal não ocorre nas chamadas “democracias ocidentais” …

Entretanto, a nossa situação atual é tão caótica, o povo está tão pessimista e desestimulado com este governo federal entreguista e despreparado, que devemos esperar que as eleições de outubro possam representar uma “virada de página” em nossa vida política e uma possibilidade de se criarem condições concretas para uma política econômica voltada para o nosso desenvolvimento efetivo.

Entretanto, para que tenhamos esta saída democrática que possa resolver as nossas graves crises é preciso que estas eleições não restrinjam a vontade popular.

Em outras palavras: tirar do povo a possibilidade de votar no candidato preferido é tirar legitimidade de um outro candidato que venha a ser eleito.

Esclareço: não estou dizendo que só o ex-presidente Lula tenha legitimidade para assumir a Presidência da República. Estou dizendo, sim, que, sem a presença dele no pleito eleitoral, o eventual eleito não representará a vontade popular, não representará os anseios da sociedade.

Aliás, a nossa Constituição Federal diz expressamente que todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido (artigo primeiro, parágrafo primeiro).

Resumo: eleição sem Lula não é eleição, é simulacro de democracia e vai empurrar o país para crises de consequências gravíssimas.

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Afranio Silva Jardim, professor associado de Direito da Uerj.