Eleições criaram novas lideranças e esquerda precisará se reorganizar

Atualizado em 30 de novembro de 2020 às 11:15

Publicado na Rede Brasil Atual

Guilherme Boulos. Foto: Reprodução/Facebook

As eleições municipais de 2020 abriram espaço para o surgimento de novas lideranças de esquerda. Apesar da derrota nas urnas, nomes como Guilherme Boulos (Psol), Manuela D’Ávila (PCdoB) e Marília Arraes (PT) oxigenam a luta progressista. A avaliação é do cientista político e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Vitor Marchetti.

Para o especialista, a esquerda, agora, tem a missão de se reorganizar e se fortalecer por meio desse novo cenário. “Na esquerda, surgiram novas lideranças nas eleições, depois de uma década só de lideranças já consolidadas, como o ex-presidente Lula sendo um norte organizador. Agora, é uma nova fase e que tem uma multiplicidade, mas com líderes ainda regionais, que o campo progressista precisará construir nos próximos anos”, aponta em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Ao analisar a vitória de Bruno Covas (PSDB), em São Paulo, o cientista político afirma que os tucanos se consolidaram como um partido paulista, após decair em outras regiões. Governando o estado e a capital, o PSDB pode ganhar projeções nacionais, na avaliação de Marchetti, que discorda do fortalecimento do governador João Doria.

“Essa vitória do Covas tem uma margem maior do que as pesquisas, então foi importante. Porém, eu discordo das análises que cacifam o Doria, porque a vitória do Covas se deu a despeito do Doria. Por isso ele escondeu o governador de sua campanha. No discurso de ontem, o prefeito disse que representava o fim da polarização, mas com o Doria do lado, que construiu o discurso de ódio em 2018”, explicou.

O professor também chama a atenção para a diferença entre o resultado das urnas e as pesquisas eleitorais. Os institutos de pesquisa apontam uma diferença de cinco pontos percentuais entre Boulos e Covas, mas o tucano venceu com 10 pontos de diferença. Vitor Marchetti acrescenta que as fake news ainda estão vivas.

As metodologias desses institutos de pesquisas precisam ser alteradas, pois possuem uma divergência maior de resultados. Porém, não tenho a menor dúvida que as notícias falsas são um novo mobilizador das eleições, durante as 48 horas que antecedem as eleições. Tem estudos mostrando que parte do eleitorado toma a decisão do voto muito próximo das eleições. Então, ao bombar de fake news, isso influencia a preferência do eleitor”, finalizou.