Elo de Lula com China, Rússia e Irã é motivo de atenção para os EUA, apontam documentos vazados

Atualizado em 30 de abril de 2023 às 13:24
O presidente chinês Xi Jinping e Lula. Foto: Ricardo Stuckert

A forma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de lidar com o conflito entre Rússia e Ucrânia, e a relação com países como China e Irã, tem virado motivo de preocupação no governo dos Estados Unidos, que teme perder influência sobre os países emergentes. Os acenos aos rivais geopolíticos dos estadunidense são descritos em documentos da inteligência que o jornal Washington Post teve acesso.

O “bloco de paz mundial”, interesse de Lula para mediar a relação entre China e EUA, e debater sobre o fim dos combates na Ucrânia foram citados nos documentos, assim como o apoio do Ministério das Relações Exteriores da Rússia ao plano. As estratégias do líder brasileiro, no entanto, não são secretas. Em visita recente do chanceler russo, Serguei Lavrov, a Lula, o Kremlin divulgou que o Brasil considera os interesses da Rússia.

Mas também não é novidade que os estadunidenses se incomodam com o estreitamento da relação Brasil-Rússia. Após a visita de Lavrov, Jack Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, disse que o presidente brasileiro estava repetindo a propaganda russa e que seu posicionamento sobre a guerra seria “profundamente problemático”.

No entanto, não é só sobre a Ucrânia e acordos comerciais que os norte-americanos estão preocupados. Pelo conteúdo de acesso do Washington Post, o jornal conta que a iniciativa de Lula recebia dois navios de guerra do Irã, principal rival geopolítico dos EUA no Oriente Médio, e que essas embarcações estavam listadas no programa de sanções americanas.

Mesmo após críticas estadunidenses e de Israel, os navios ficaram por uma semana no Rio de Janeiro. Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela recusaram os pedidos iranianos para permitirem o atracamento dos barcos em águas sul-americanas. Os documentos apontam também que o presidente do Brasil aprovou o recebimento das embarcações, contrariando alguns oficiais da marinha brasileira, que tentaram convencê-lo de não aceitar.

O Pentágono considerou que Lula “provavelmente aprovou a escala para reforçar sua reputação como mediador global e polir a imagem do Brasil como uma potência neutra”, segundo os arquivos obtidos. Ainda assim, a avaliação dos EUA entende que o petista pensa em uma grande expansão do relacionamento militar entre os países, apesar de entender que este seja um interesse do Irã.

Além do Brasil, os Estados Unidos estariam descontente com outros países emergentes, como África do Sul, Argentina, Índia, Paquistão e Egito, que recebe mais de US$ 1 bilhão por ano dos EUA, mas tem aprofundado laços com a Rússia, que construirá a primeira usina nuclear no país das pirâmides.

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