Elogiado por setores da esquerda, Thammy faz política em partido que apoia Bolsonaro e tem pauta antitrabalhador

Atualizado em 4 de agosto de 2020 às 13:20
Tammy Miranda

Por Igor Santos

Dia dos pais chegando e as empresas de olho em números, melhor, em cifrões. Uma conhecida marca de cosméticos causou frisson nas redes sociais ao estampar sua campanha com um homem trans.

A claque bolsonarista de um lado, a esquerda anticlasse trabalhadora do outro. Ambos operando para aumentar os algoritmos da citada empresa de cosméticos.

E aqui está a armadilha retórica. Como bem disse um frei amigo meu: “Amor ao próximo sem solidariedade de classe é síndrome de Estocolmo”

O referido homem trans que interpreta o papel de pai é, na verdade. uma figura conhecida pelas páginas de fofoca e memes da internet, contudo o que a turma do antitrabalho esquece é esse mesmo homem trans foi candidato a vereador pelo mesmo partido de Bolsonaro nas eleições municipais de 2016 e agora será novamente candidato por um partido de direita.

Como na internet, a turma da esquerda antitrabalhador é uma turba bem organizada, talvez para espantar os trabalhadores e trabalhadoras, não me admirei ao notar uma centena de milhares desses defendendo o referido homem trans.

E eis aqui o problema, ao se solidarizar com esse homem, essa parte obscurantista da “esquerda” faz o que melhor sabe fazer:

Apoiar empresa privada com uma série de denúncias por crimes ambientais e de quebra ainda faz campanha antecipada para candidatura de direita a vereança da capital Paulista.

Talvez os mais incautos não saibam, mas é coluna de sustentação para ser de esquerda a defesa da classe trabalhadora. Qualquer elemento, seja mulher, homem, cis ou trans que se coloque como representante político dos poderosos ou defenda um programa de ataque aos trabalhadores é nosso inimigo de classe.

O capitalismo, não é de hoje, sabe nos jogar esse tipo de armadilha retórica, a partir da instrumentalização de lutas contra opressões. Ora, falam de visibilidade trans, mas e o Daniel (homem trans de 34 anos) que mora no Capão Redondo e não consegue emprego, como ele fica?

A direita já conseguiu nos colocar em muitas enrascadas graças à liberalização de conceitos importantes do marxismo e do que representa ser de esquerda. Em nome do Pink Money, em nome do lucro, a turba a panfletar para a direita é sempre de primeira hora essa tal “esquerda” antitrabalhadores.

Solidariedade de classe, sim. Outra solidariedade não serve. Pensamento prático, o que um homem trans e bolsonarista fará na Câmara dos vereadores ou em qualquer espaço político?

Quem se coloca a defender, sem qualquer critério crítico ou classista, presta serviço aos interesses da direita, e essa sabe muito bem brincar com o voluntarismo infantilizado de quem confunde luta política com baguncinha no DCE.

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Nota da redação: O homem trans a que se refere o autor é Thammy Miranda.