Elon Musk é o maior espalhador de fake news do mundo, diz Financial Times

Atualizado em 9 de agosto de 2024 às 21:01
Elon Musk de perfil, com mão cobrindo parte do rosto, sério
O bilionário Elon Musk – Reprodução

Para o jornal econômico inglês Financial Times, as fake news ameaçam a democracia. Segundo artigo publicado no site do FT, Elon Musk é, hoje, o maior espalhador de fake news do mundo.

“Muito antes de comprar o Twitter e renomeá-lo como X, ele espalhava desinformação. Isso incluiu uma caça às bruxas bizarra contra o mergulhador britânico que ajudou a resgatar 12 meninos e seu treinador de futebol de uma caverna tailandesa. Sem base alguma, Musk acusou o homem de ser “pedófilo” depois que ele lançou dúvidas sobre o navio de resgate submersível que Musk havia entregue. Musk apagou esse tuíte e outros semelhantes”, diz o jornal econômico.

O bilionário sul-africano continua adicionando novas postagens à sua biblioteca de quase 49.000 tweets. Nos últimos dias, ele comentou sobre os tumultos racistas na Grã-Bretanha.

Ele previu uma guerra civil no Reino Unido, condenou o primeiro-ministro britânico Keir Starmer por suposto preconceito em relação a não brancos e sugeriu que as políticas de imigração da Grã-Bretanha foram responsáveis ​​pelo assassinato de três meninas em Southport na semana passada.

Na quinta-feira (08), Musk promoveu posts de uma fascista britânica – Ashlea Simon. Essa ativista alegou que Starmer planejava enviar manifestantes para campos de detenção nas Ilhas Malvinas. A postagem de Simon citou uma história falsa do Daily Telegraph com essa manchete – o jornal logo desmentiu a matéria. Mas o tweet de Musk sobre o assunto teve dois milhões de visualizações antes de ser apagado.

É irônico que Musk seja enganado por mentiras no Twitter. Mas é preocupante como ele endossa fascistas, na maior parte do tempo. Com quase 195 milhões de seguidores, ele é o maior disseminador de mentiras da plataforma. No total, ele fez 50 postagens desde 1º de janeiro que foram desmascaradas por verificadores de fatos – elas geraram 1,2 bilhões de visualizações no site.

Um oceano de tinta poderia ser gasto para escrever sobre as polêmicas incitadas por Musk com falsas informações. Suas declarações políticas são geralmente sobre fraude eleitoral, imigração ilegal, raça ou gênero. A questão é o que as democracias podem fazer para lidar com o perigo trazido por Musk.

Elon Musk de roupa preta, sério, olhando para cima
Elon Musk – Reprodução

“Sempre tivemos proprietários de jornal, ou donos de televisão, promovendo preconceitos em seus veículos. Muitos países têm leis contra a concentração de mídia. Mas Musk tem rédea solta nos EUA, onde a Primeira Emenda permite quase qualquer discurso. Além disso, os editores da Internet estão isentos de responsabilidade sob a notória Seção 230 do Communications Decency Act”, alerta o FT.

A diferença entre o Twitter e, digamos, qualquer plataforma que o apresentador de rádio de extrema direita Alex Jones esteja usando nos EUA, é que o Twitter se intitula como uma praça pública online. Em alguns aspectos, as pessoas estão certas em apontar que “o Twitter não é a vida real”.

Não é. Mas quando racistas pensam que refugiados matam crianças e então se reúnem para incendiar albergues de refugiados, o site se torna muito real. Em momentos críticos, o Twitter se tornou um vetor-chave para mentiras letais. Que seu dono endosse algumas delas, deveria ser uma questão de interesse público.

“Líderes políticos mundo afora pedem uma investigação sobre o papel das mídias sociais na disseminação de desinformação incendiária. Mas independentemente do que diga, Musk não gosta nem de liberdade de expressão e nem de democracia. Ele se deleita com o conflito e é fascinado pelo caos. Musk é um tecnoautoritário”, diz o FT.

Peter Pomerantsev, autor de Nothing is true and everything is possible e, mais recentemente, How to win an information war: The propagandist who outwitted Hitler, estuda o tema e diz que “se Musk usa o Twitter de modo editorial, deveria ser responsabilizado como um editor”. Rupert Murdoch, da Fox, pagou mais de US$ 1 bilhão em multas por noticiar informações falsas.

A diferença entre mídia e plataformas digitais é que a primeira cria conteúdo, que pode ser regulado. Mas as plataformas não produzem conteúdo, mas constroem máquinas que visam, promovem, suprimem e distribuem conteúdo de certas maneiras. É esse sistema – às vezes conhecido pelo termo algoritmo – que precisamos entender. Para fazermos qualquer julgamento sobre isso, precisamos de transparência.

“Se esta é uma praça pública, precisamos entender como ela é projetada para entender como ela direciona o discurso. Ela empurra algumas pessoas para um porão, enquanto dá a outras um púlpito e um microfone? Liberdade de expressão também é o direito de receber informações. Hoje não sabemos como Musk e outros magnatas moldam o ambiente digital. Isso não é liberdade. Ou melhor, é a liberdade daqueles que controlam a plataforma para manipular o cidadão”, encerra o FT.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link
Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link