
Ao longo de uma década como deputado federal por São Paulo, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) apresentou 116 propostas legislativas, mas apenas três delas se transformaram em normas — duas leis e uma resolução da Câmara. Nenhuma teve impacto direto no estado que o elegeu com votação recorde em 2018, quando obteve 1,8 milhão de votos e se tornou o deputado federal mais votado da história. Apesar do número expressivo de proposições, a atuação parlamentar de Eduardo ficou marcada mais por sua pauta ideológica e defesa do bolsonarismo do que por resultados concretos para seus eleitores.
Entre 2015 e 2018, seus principais projetos focaram em segurança e armamento, como a liberação do porte de armas em voos e a defesa do ensino domiciliar. No mandato seguinte, Eduardo intensificou o viés ideológico e apresentou propostas como a criminalização da apologia ao comunismo, a proibição de bloqueio hormonal em jovens trans e a consagração de Princesa Isabel como patrona da abolição. Em 2022, assinou projetos polêmicos como o PL da anistia a crimes políticos cometidos entre 2019 e 2022 e outro para enfraquecer a Lei da Ficha Limpa.

Durante os anos de governo de Jair Bolsonaro, o deputado ganhou visibilidade ao relativizar a depredação do 8 de Janeiro, dizendo que “era pipoqueiro, pastor, cabeleireira… todo tipo de pessoa inocente”. A fala contrastou com sua própria proposta de 2019, que visava punir de forma exemplar o vandalismo contra patrimônio público. Além disso, em 2024 e 2025, já licenciado, foi aos Estados Unidos para se aproximar do governo Trump, tornando-se articulador internacional do bolsonarismo e defendendo que os EUA interferissem no processo judicial contra seu pai.
Na Câmara, relatou 30 projetos ligados à segurança pública e acordos internacionais, especialmente com Israel. Participou de 37 comissões em 66 oportunidades. Mas, embora a atividade legislativa exista, os efeitos práticos em seu estado de origem são praticamente nulos. A atuação internacional recente, marcada por encontros com Trump e lobby antijudiciário, alimenta dúvidas sobre sua continuidade no Congresso. Com o fim da licença, sua situação na Câmara permanece indefinida, e aliados discutem a possibilidade de indicá-lo para um cargo de secretário estadual.

Apesar de ter conseguido aprovar leis como a que institui o Dia Nacional da AME e a que autoriza o uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes com câncer, Eduardo concentrou seus esforços em projetos com impacto simbólico e pouca eficácia comprovada. A criação do grupo parlamentar Brasil-Bahrein, por exemplo, é um dos poucos resultados institucionais de sua atuação. Enquanto isso, temas centrais para São Paulo, como mobilidade, saúde e educação, seguiram fora do seu foco político.
Eduardo Bolsonaro encerra, assim, uma década de mandato sob críticas de distanciamento da base paulista, uso do cargo para articulações internacionais e foco em pautas de baixa efetividade. Seu futuro político é incerto, mas sua trajetória já está marcada como uma das mais controversas da atual legislatura.