Em 2006, Elizabeth II conheceu Lula e mostrou curiosa lembrança do Brasil

Atualizado em 8 de setembro de 2022 às 15:03
Lula e a rainha Elizabeth II em 2006

Publicado em Aventuras na História

No Palácio de Buckingham, Lula, o presidente do Brasil em março de 2006, a primeira-dama Marisa Letícia e sete ministros brasileiros, entre eles o ex-ministro da Cultura e talentoso artista Gilberto Gil, aproveitaram, ao lado da rainha Elizabeth II, os três dias de sua viagem oficial ao Reino Unido.

O encontro foi organizado para discutir as conexões entre o Brasil e a nação inglesa, além das ‘boas relações’ que dominavam o cenário internacional em 2006.

Porém, um dos fatores mais relembrados daquela viagem de Estado é a hospitalidade da família real – além de seus sentimentos positivos em relação ao ex-líder brasileiro.

A visita, que aconteceu em março de 2006, também foi um momento de troca de culturas e memórias que, especialmente, Elizabeth II guardava do Brasil, o qual a monarca visitou em 1968.

Em suas conversas com Lula e seus ministros, conforme divulgado pelo Estadão em reportagem de março de 2006, a rainha revelou uma de suas lembranças do país.

Ao conhecerem a Coleção Real, se deparando com peças brasileiras, os visitantes  também presenciaram uma foto da monarca ao lado de Pelé e o jogador Gérson. O registro foi feito no Maracanã, em 1968, quando entregou a taça do campeonato para o time paulista, após vencerem contra os cariocas.

Além disso, a rainha também visitou a Bahia e ganhou uma medalha da Escola de Samba Mangueira. Nesse episódio, Elizabeth II já havia conhecido o ministro da Cultura, na época, Gilberto Gil. Quando Gil contou que se lembrava da visita da monarca, a rainha se surpreendeu e afirmou que ele era tão novo em 1968.

Assunto delicado

Com 166 convidados, o banquete em homenagem a Lula ocorreu no Palácio de Buckingham e terminou com uma troca de presentes entre os chefes de Estado.

O brasileiro recebeu um par de cálices de prata e uma caixa de joias com pérolas suíças, e a britânica ganhou uma escultura do artista Zé Bento e cinco volumes sobre as obras de Cândido Portinari.

A viagem, no entanto, também foi um momento de expectativa para muitos que acompanhavam o episódio, esperando para ver se algum dos líderes tocaria no assunto de Jean Charles Menezes. Eletricista brasileiro que morava no Reino Unido por anos, Menezes foi baleado pela polícia inglesa ao ser confundido com um terrorista.

Em um momento de grande tensão na ‘guerra ao terror’, a morte do brasileiro foi um reflexo do medo internacional. Porém, seu assassinato a sangue frio revoltou o Brasil, e certas fontes apontavam que Elizabeth II faria um pedido de desculpas ao então presidente Lula, como o colunista do jornal Daily Mail, Richard Kay.

Mesmo que o assunto não tenha sido citado, o terrorismo foi parte do discurso do ex-presidente durante o banquete principal com a monarquia.

Em sua fala, Lula apontou que estava em contato com o primeiro-ministro, Tony Blair, na época, e sinalizou possíveis acordos entre o Reino Unido e o Brasil.

“O primeiro-ministro Blair e eu estamos empenhados em desbloquear as negociações multilaterais de comércio. A conclusão exitosa da Rodada de Doha, com a realização dos altos propósitos de uma genuína agenda para o desenvolvimento, é prioritária para os governos do Brasil e do Reino Unido. Estamos juntando esforços igualmente no combate ao terrorismo, ao narcotráfico e aos crimes transnacionais”, afirmou.

No meio de sua conversa com o presidente brasileiro da época, Elizabeth II comemorou a presença de cada vez mais brasileiros estudando e visitando a Inglaterra, além dos ingleses que visitam o Brasil. Em resposta, Lula elogiou a hospitalidade do Reino Unido e as oportunidades que o país oferecia em 2006.