Em 7 linhas, Sardenberg expôs a farsa das normas da Globo para uso das redes por seus jornalistas. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 9 de julho de 2018 às 14:15
Sardenberg atropelou as “novas diretrizes” da Globo sobre uso das redes sociais

Nenhum brasileiro acima de 12 anos e alfabetizado achou que as tais novas diretrizes da Globo para o uso de redes sociais deveriam ser levadas a sério.

“Jornalistas devem se abster de expressar opiniões políticas”, diz o documento.

Isso serve para os Chicos Pinheiros e outros poucos que desafiam — timidamente, eventualmente no WhatsApp, numa mensagem vazada — o pensamento único da casa (até ser demitidos).

Não existe nas redes e muito menos na vida real.

Numa carta a seus empregados, chamados de “companheiros”, João Roberto Marinho, um dos donos, insiste no termo “isenção”.

Vinte minutos da face constipada de Gerson Camarotti no domingo, dia 8, narrando a reação guerreira de Sergio Moro para manter Lula na cadeia, são uma lição de manipulação, partidarismo e parcialidade.

Camarotti comandou o show, chutando a esmo o Direito, repetindo que o desembargador Rogério Favreto era “petista”, lamentando que a coisa já estava resolvida no tribunal das galáxias e, poxa, assim não dá.

Camarotti não é advogado, mas quem precisa disso?

Como lembrou Gilmar Mendes, a GloboNews é a Terceira Turma do STF. Instigava Moro a agir, cobrava o “companheiro” Thompson Flores, colocava “especialistas” — todos do mesmo lado, evidentemente — para detonar Favreto.

Camarotti explica como funciona o Direito

Rogério Favreto bagunçou um dia que deveria ser dedicado à cobertura do resgate dos meninos na Tailândia, quando os paus mandados podem mostrar uma face “humana”, quem sabe dar aquela choradinha.

O jurista Lenio Streck falou dos “ministros” da GloboNews, que “fazem o imaginário” nacional.

“Tem um problema difícil? Consulta o Camarotti, ele sabe tudo, é o grande jurista que não estudou Direito”, afirma Lenio.

Nas redes sociais, o veterano Carlos Alberto Sardenberg não se aguentou e mostrou no Twitter a verdade sobre as normas da Globo.

“No mínimo, o desembargador Favreto deveria ter se declarado impedido de tomar decisão a respeito de Lula, por ter sido funcionário e seguidor do ex-presidente”, escreveu.

“Assim como Toffoli é suspeito para julgar os chefes petistas, aos quais deve a carreira. Mas estão lá para isso mesmo”.

Grande Sardenberg!

Em sete linhas, desmascarou a farsa divulgada por seu patrão com a solenidade de uma autoridade da República.

“Jornalistas não devem nunca se pôr como parte do debate político e ideológico, muito menos com o intuito de contribuir para a vitória ou a derrota de uma tese, uma medida que divida opiniões, um objetivo em disputa”, reza a cartilha.

Esqueça Moro e Thompson Flores: com gente como Camarotti e Sardenberg, foi a Globo que colocou as coisas em seus devidos lugares.

Lula não sai da prisão sem o OK do companheiro Marinho e seus bozós.