Em artigo e vídeo, Eduardo Bolsonaro pregou “contrarrevolução” para “ditadura do STF” e falou em “ruptura”

Atualizado em 22 de outubro de 2018 às 19:20
Eduardo Bolsonaro com Steve Bannon, operador político de Trump

A declaração de Eduardo Bolsonaro sobre como fechar o Supremo Tribunal Federal com “um soldado e um cabo” não é bem uma escorregada do “garoto”, como quer seu pai Jair.

A família Bolsonaro vem pregando seu desprezo pelo Judiciário há tempos.

“Ele aceitou responder a uma pergunta que não tinha nem pé, nem cabeça, e resolveu levar para o lado desse absurdo aí”, alega o presidenciável de extrema direita.

No vídeo, gravado há quatro meses num cursinho em Cascavel, no PR, Eduardo é questionado sobre a possibilidade de a Corte agir caso seu progenitor ganhasse no primeiro turno e o que faria o Exército.

“Aí já está caminhando para um estado de exceção, né? O STF vai ter de pagar para ver e aí quando pagar para ver vai ser ele contra nós”, responde.

“Será que eles vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca lá, cara: ‘se quiser fechar o STF, você sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo’. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo, não.”

Ele prossegue: “Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação?”

A reação tíbia de Rosa Weber em coletiva no TSE mostra que, talvez, ela e seus pares já se sintam com uma farda pendurada no mancebo da sala de jantar.

Eduardo é mais que reincidente.

Em 19 de junho, escreveu um artigo num jornal chamado Hora Extra, de Goiânia, intitulado “Pensar fora da caixinha para derrubar a ditadura do STF”.

Alguns trechos:

Os ministros da suprema corte alegam interpretar a aplicação da lei, mas na verdade capricham no juridiquês para fazer um contorcionismo verbal e mudar os espíritos das leis. Quando se respeita a constituição as críticas são amenas e giram em torno da esfera jurídica, mas num STF onde sete dos onze ministros foram indicados pelo PT de Lula e Dilma tem sido difícil achar uma decisão que seja imparcial às visões pessoais dos ministros, para não dizer revolucionárias. (…)

Minha crítica não é somente aos atos do STF pró bandidos, mas também como eles fazem isso sem o menor pudor e como os chefes do legislativo e executivo permanecem inertes. O Congresso Nacional fica desmoralizado ao aprovar uma lei e o judiciário declará-la inválido usando argumentos estapafúrdios.

É como se tudo que o legislativo fizesse tivesse que ser validado pelo judiciário, sempre usando a sua ótica “progressista”, revolucionária. Não há independência entre os poderes. O outro ator que poderia segurara o ímpeto da “terceira instância federal” seria o presidente da república. Porém, ao que parece, Temer está tão desgastado com escândalos de corrupção que não quer testar sua força duelando com o STF.

É um político padrão e lhe falta pulso. A conclusão que qualquer ser detentor de um tico e teco na cabeça chega é a de que não existe harmonia entre os três poderes e sim submissão. Nas palavras do Promotor Leonardo de Souza Giardin, no livro de sua coautoria “Bandidolatria e Democídio, ensaios sobre garantismo penal e a criminalidade no Brasil”, 2ª edição, pág. 159, ele é preciso: “De fato, a nação já submetida a uma hegemonia, já tendo automatizado as reações e emoções que a revolução cultural inoculou, passa a ser regida por uma minoria… de juízes marxistas”.

Da expressão “automatizado as reações e emoções que a revolução inoculou” extrai-se o seguinte conselho: você precisa pensar fora caixinha! Ambos os ocupantes das cadeiras mencionadas no executivo e legislativo podem ser trocados nas eleições deste ano. Fiquemos atentos, pois a subserviência à ditadura do STF pode estar próxima, é hora da contrarrevolução!

Em julho, durante audiência na Câmara sobre o voto impresso — uma obsessão das hostes bolsonaristas, que parou de falar em fraude das urnas eletrônicas assim que Jair apareceu liderando —, Eduardo admitiu que apoiava a proposta paterna de aumentar o número de membros do Supremo “para tentar equilibrar o jogo”.

“A gente não vai se dobrar a eles, não”.

E repisou a fórmula: “Quero ver é alguém reclamar quando chegar o momento de ruptura, quem vai pra rua fazer manifestação e gritar: ‘Ministro X, volta ministro X, estamos com saudades’”.

Assista abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=8pl0wuD7avk