Em campanha pela liberdade de Assange, Wikileaks chega ao Brasil

Atualizado em 24 de novembro de 2022 às 13:29
Julian Assange
O ativista Julian Assange, fundador do WikiLeaks

Chega ao Brasil nesta quinta-feira, 24, a delegação do WikiLeaks composta pelo jornalista investigativo e editor-chefe da organização, Kristinn Hrafnsson, e o embaixador do Wikileaks, Joseph Farrell.

A viagem ao Brasil faz parte do tour pela América Latina que começou semana passada na Colômbia e que tem como objetivo reunir a solidariedade de diversos setores políticos e da sociedade civil para instar a administração Biden a retirar as acusações contra Julian Assange.

“O tratado de extradição entre os EUA e o Reino Unido proíbe as extradições por atos políticos dos quais Assange é acusado. A não-extradição de Julian Assange significaria simplesmente que os EUA estão obedecendo a suas próprias leis e tratados internacionais de longa data”, diz Kristinn.

Na Colômbia, o presidente Gustavo Petro declarou abertamente no Twitter que buscará apoio internacional para discutir a liberdade de Assange.

A ampla agenda que será cumprida no Brasil inclui um encontro com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, com data a confirmar, e com as principais associações, sindicatos, federações e organizações jornalísticas para demandar a liberdade de Julian Assange e em defesa do direito à informação.

O WL também visitará a Escola Florestan Fernandes, do MST, com mais de 50 parlamentares para discutir estratégias politicas para a libertação de Assange, desinformação nas redes sociais e liberdade de expressão. Também se reunirão com o WK, personalidades como Caetano Veloso, Reinado Azevedo, Felipe Neto, Gregório Duvivier, Glenn Greenwald entre outros.

“Lula é um maiores líderes políticos de nosso tempo, que viveu o lawfare e superou de maneira espetacular a guerra hibrida feroz das elites locais e americanas. Lula sempre defendeu abertamente Assange, enquanto muitos outros silenciavam”, diz Kristinn.

 Os representantes do Wikileaks serão recebidos na prinicipais entidades do jornalismo brasileiro. Detido sem base legal na prisão de segurança máxima de Belmarsh, no Reino Unido, desde 2019, Julian Assange está prestes a ser extraditado para os Estados Unidos, onde pode sofrer uma pena de até 175 anos em confinamento solitário.

Assange é acusado pelo governo estadunidense de violar a Lei de Espionagem de 1917. Ele foi responsável, por exemplo, pela publicação, entre 2010 e 2011, de documentos revelando crimes de guerra e campos de tortura no Iraque e Afeganistão. A eventual condenação de Assange criminalizaria todas as etapas do processo jornalístico básico: solicitar, receber, possuir e publicar informações verídicas e de interesse público. A defesa do jornalista quer que os EUA retirem as acusações como forma a proteger a liberdade de imprensa em todo o mundo.

Por isso, no domingo, 27, Kristinn Hrafnsson e Joseph Farrell participarão de um tradicional evento com jornalistas que acontece mensalmente na Praça Wladimir Herzog, em São Paulo, a partir de 12h. Entre as diversas atrações, está prevista uma performance com um grupo de atores em homenagem a Assange. A praça Vladimir Herzog foi criada pela Câmara Municipal como um espaço para lembrar da luta contra a ditadura e contra a censura.

Já no dia 30, a sede histórica da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, reúne as organizações jornalísticas para receber os editores do Wikileaks, a partir de 16h.

“Sem uma forte mobilização internacional, o jornalista Julian Assange não será libertado. Ao publicar no WikiLeaks milhares de documentos, fotos e vídeos que comprovam o envolvimento dos Estados Unidos e seus aliados na morte de inocentes e na espionagem em escala internacional, Assange cumpriu seu dever como jornalista. É por isso que a luta pela sua liberdade afeta a todos nós”, declara Giovani del Prete, da Secretaria Operativa da Assembleia Internacional dos Povos.

Quem são Kristinn Hrafnsson e Joseph Farrell do Wikileaks?

Kristinn Hrafnsson é jornalista investigativo e editor-chefe/porta-voz do WikiLeaks desde 2010. Ele trabalhou duas décadas como jornalista na Islândia, na imprensa e na radiodifusão e televisão, o período mais longo na RUV, a emissora pública. Ele foi co-produtor e apresentador do programa de investigação Kompás (Compass) na emissora privada Channel 2 durante o turbulento período do colapso financeiro na Islândia, após a crise bancária de 2008. Kompás foi um programa premiado onde ele e seus colegas frequentemente expuseram atividades criminosas e corrupção em altos cargos. Em abril de 2010, ele voou para Bagdá para entrevistar crianças do ataque militar registrado no “Collateral Murder”, o vídeo icônico publicado pelo WikiLeaks. Kristinn é um dos jornalistas mais premiados na Islândia e recebeu o prêmio da Federação de Jornalistas da Islândia em todas as três principais categorias em 2004, 2007 e 2010.

Joseph Farrell é um jornalista e editor britânico que trabalhou para o Bureau of Investigative Journalism e para o Centre for Investigative Journalism, onde atualmente faz parte do Conselho de Administração. Ele trabalha para o WikiLeaks desde 2010 como editor de inúmeras publicações importantes do WikiLeaks, incluindo os Diários de Guerra do Iraque e Afeganistão e Cabos Diplomáticos (Cablegate). Seu trabalho para o WikiLeaks junto com outros associados, fez dele o alvo de uma investigação contínua do FBI. Ele foi membro da Coalizão da Sociedade Civil na conferência diplomática da World Intellectual Property Organisation sobre um tratado de exceções de direitos autorais para pessoas com deficiências em Marrakesh, Marrocos. Ele também aparece regularmente nas redes de televisão como comentarista de notícias.