Em carta, ganhadores do Nobel pedem que Milei reverta cortes na Ciência: “Perigoso precipício”

Atualizado em 7 de março de 2024 às 11:08
O presidente argentino Javier Milei. (Foto: Reprodução)

68 laureados com o prêmio Nobel enviaram uma carta ao presidente da Argentina, Javier Milei, expressando preocupação com os cortes de orçamento na ciência e pedindo que ele reconsidere essas medidas.

Os cientistas alertaram que a redução de investimentos poderia resultar na destruição de um sistema científico vital para o país, levando anos para ser reconstruído.

A carta, distribuída por Richard Roberts, Nobel de Medicina de 1993, destacou que a Argentina corre o risco de abandonar seus cientistas e prejudicar o futuro do país. Em um contexto de inflação de 254% nos últimos 12 meses, os cortes orçamentários deixariam o setor científico em situação precária.

Richard Roberts, Nobel de Medicina de 1993. (Foto: Reprodução)

“Escrevemos com respeito e profunda preocupação. Observamos como o sistema argentino de ciência e tecnologia se aproxima de um perigoso precipício, e nos desencorajam as consequências que esta situação poderia ter tanto para o povo argentino quanto para o mundo”, disse trecho do documento.

Os ganhadores do Nobel enfatizaram a importância da ciência argentina em várias áreas, incluindo medicina, tecnologia e compreensão do universo.

“Se não fosse pela ciência argentina, as causas do câncer de pulmão e do diabetes permaneceriam um mistério por décadas. Se não fosse pela ciência argentina, não teríamos o conhecimento e a tecnologia que permitem a um país com chuvas modestas alimentar a sua população e o mundo. Se não fosse a ciência argentina, não teríamos elementos-chave para a nossa compreensão do universo, desde o desenvolvimento de um simples vírus até seus átomos”, continua a carta.

Eles também questionaram os impactos econômicos dos cortes de orçamento, alertando que sem investimentos em ciência, o país se tornaria dependente de tecnologias estrangeiras, comprometendo sua independência econômica.

“Qualquer economia moderna como a Argentina deve ser capaz de gerar novas tecnologias focadas e aplicar outras estrangeiras em contextos locais. Seríamos ingênuos se não entendêssemos que qualquer país que dependa apenas deste último perderia a sua independência econômica. Mas sem uma infraestrutura para a ciência, um país cai no desamparo e na vulnerabilidade. Sem desenvolver tecnologia própria para avançar ou formar pessoas ou desenvolver a infraestrutura necessária para o conhecimento científico e tecnológico dos problemas nacionais e regionais, em que situação ficaria a Argentina?”, afirmam os cientistas.

Milei defendeu seu plano de ajuste econômico durante uma feira agroindustrial, prevendo uma desaceleração da inflação nos próximos meses. No entanto, as medidas implementadas pelo governo, como a desvalorização do peso e a desregulamentação de preços, aumentaram a inflação e geraram preocupações entre os argentinos.

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