
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, declarou nesta segunda-feira (15) que as empresas públicas carregam uma responsabilidade ampliada na agenda de diversidade e inclusão. Segundo ele, são essas instituições que têm maior capacidade de ampliar e difundir boas práticas, incorporando diversidade, inclusão e igualdade desde o ambiente interno de trabalho. A fala ocorreu na abertura do seminário “Democracia e Direitos Humanos: Empresas Juntas por um Brasil Mais Igualitário”, realizado na sede do Banco, no Rio de Janeiro.
Mercadante citou iniciativas adotadas pelo BNDES nos últimos anos, como a criação de comissões internas voltadas a mulheres, raça e etnia, pessoas com deficiência, população LGBTQIABN+ e à prevenção e ao combate ao assédio e à discriminação. De acordo com ele, a instituição busca manter diálogo contínuo e ampliar a visibilidade dessas pautas dentro do Banco.
O presidente do BNDES também mencionou o concurso público realizado após um intervalo de 11 anos, que recebeu o primeiro lugar na categoria Recrutamento e Seleção de 2025 entre as Melhores Empresas e Líderes da Diversidade. O certame estabeleceu reserva de 30% das vagas para pessoas negras e 10% para pessoas com deficiência. “O BNDES, como banco público, precisa refletir a diversidade da sociedade”, afirmou.
Durante o evento, Mercadante apresentou dois servidores aprovados no concurso: o arquiteto Tiago Coutinho, primeiro colocado geral, aprovado fora do sistema de cotas, e o advogado Akintolá Assis, cujo pai atuou como operário na construção da sede do BNDES no Rio de Janeiro.
Dados apresentados indicam que, antes do concurso, o Banco contava com 14% de pessoas negras em seu quadro, percentual que chegou a 25% em 2025 e deverá ultrapassar os 30% com a entrada dos novos servidores. Na alta liderança, a participação feminina passou de 13% para 37%, enquanto na média liderança subiu de 19% para 34%. Entre pessoas com deficiência, a representação aumentou de 1,5% para 4%.
Ao abordar sua passagem pelo Ministério da Educação, em 2012, Mercadante relembrou a defesa das políticas de cotas, articulada à época com a atual ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo. Ele afirmou que estudos acadêmicos apontam desempenho equivalente entre estudantes cotistas e não cotistas e rebateu críticas à política.
O dirigente também criticou a decisão da Assembleia Legislativa de Santa Catarina que aprovou proposta proibindo universidades de adotarem cotas e outras ações afirmativas. Para Mercadante, a medida representa um retrocesso. “O que precisamos é criar oportunidades. É assim que se enfrenta a desigualdade e se promove a transformação social”, concluiu.