
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, parabenizou o secretário de Estado estadunidense, Marco Rubio, pelo acordo que viabilizou a primeira fase do plano de paz na Faixa de Gaza. A congratulação foi transmitida por telefone na manhã desta quinta-feira (9), durante uma conversa em que os dois também trataram das negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.
Segundo Igor Gadelha, do Metrópoles, fontes do Itamaraty afirmaram que o diálogo durou cerca de 15 minutos e o tema do conflito no Oriente Médio foi o único assunto de política internacional mencionado.
Durante o telefonema, Rubio convidou o chanceler brasileiro para uma reunião presencial, em linha com o que foi acertado na conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Donald Trump, na segunda-feira (6).
O encontro, segundo diplomatas, deve servir para destravar o impasse comercial sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. No entanto, o principal destaque foi o anúncio, feito horas depois, do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, mediado por Washington.
“Ontem à noite, alcançamos um avanço significativo no Oriente Médio — algo que as pessoas diziam que nunca aconteceria. Acabamos com a guerra em Gaza… Garantimos a libertação de todos os reféns restantes”, declarou Trump em entrevista à imprensa.

Itamaraty emite nota oficial
Em nota oficial, o Itamaraty elogiou a trégua e disse esperar que “o cessar-fogo resulte em alívio efetivo para a população civil”. O texto menciona o papel dos mediadores, Catar, Egito e Turquia, e destaca que o Brasil “exorta as partes a cumprirem todos os termos do acordo”.
A chancelaria brasileira reconheceu ainda que os bombardeios israelenses provocaram mais de 67 mil mortes em Gaza, grande parte de mulheres e crianças, além do deslocamento forçado de quase dois milhões de moradores. A nota também defende a reconstrução do território com apoio internacional e a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos como parte da implementação do acordo.
O documento encerra reafirmando o compromisso histórico do Brasil com a solução de dois Estados: “O Brasil reafirma a convicção de que uma paz justa, estável e duradoura no Oriente Médio passa pela implementação da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967”. Na
Faixa de Gaza, Khalil Al-Hayya, membro da alta cúpula do Hamas, confirmou nesta quinta-feira o fim da guerra e disse ter recebido garantias dos Estados Unidos e de países árabes de que o cessar-fogo será permanente.
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas que deixou mais de 1.200 mortos e 251 sequestrados. Desde então, o conflito provocou mais de 60 mil mortes em Gaza, segundo dados do próprio grupo.