Em matéria sobre barões do tráfico, Fantástico cita piloto do Helicoca, que continuou operando para o crime

Atualizado em 21 de setembro de 2020 às 9:36
Alexandre Júnior, um dos pilotos do Helicoca, no Fantástico

O Fantástico exibiu no domingo reportagem sobre uma investigação que levou à prisão pilotos que fazem parte de um esquema milionário do tráfico de drogas.

“Ao longo de anos, eles ganharam importância dentro de organizações criminosas e fizeram fortunas”, diz a matéria.

O programa mostrou a interceptação da Força Aérea Brasileira (FAB) que impediu a entrega de um carregamento por uma aeronave a serviço do crime.

Também fala dos pilotos que voam baixo para se esconder dos radares e entrar com toneladas de entorpecentes no Brasil e da vida de luxo em lugares como Balneário Camboriú, em SC.

Um dos nomes citados é o de Alexandre José de Oliveira Junior, vulgo Júnior, que teve prisão preventiva decretada em agosto.

Alexandre ganhou notoriedade em 2013, juntamente com outro piloto, Rogério Almeida Antunes, transportando 445 quilos de cocaína no “Helicoca” que pertencia ao então senador Zezé Perrella, amigo de Aécio Neves.

É um furo do DCM, que dedicou uma série ao caso. 

O fato foi destacado na representação da Polícia Federal da operação Além Mar. Nunca se chega, porém, ao dono da droga:

Alexandre Junior foi condenado nos autos do processo 0012299-92.2013.4.02.5001, que tramitou na 1ª Vara Federal Criminal – Seção Judiciária do Espírito Santo, a pena privativa de liberdade de dez (10) anos e quatro (4) meses de reclusão e pagamento do valor equivalente a 1.032 (mil e trinta e dois) dias-multa, por causa do episódio do “Helicoca”, mas a condenação ainda está pendente de apelação, destaca a autoridade policial e enquanto gozava de liberdade procisória ”na época em que a sentença foi exarada, dezembro de 2017, ALEXANDRO JUNIOR atuava ativamente cooptando pilotos para transportar cocaína a serviço de SÉRGIO QUINTILIANO e CAIO BERNASCONI (WILHIAN)”, considerados os líderes da organização criminosa desbaratada pela Operação Além Mar e que eram os responsáveis pelo envio das cinco toneladas mensais de cocaína do Paraguai para o Brasil, justamente por meio da utilização de helicópteros. (…)

ALEXANDRE JUNIOR foi responsável pelo transporte aéreo da cocaína apreendida em poder de RONELSON CANDIDO quando de sua prisão em flagrante delito em abril de 2018, valendo-se do helicóptero de prefixo PP-MAU. Nesse sentido, como já citado, a Informação de Polícia Judiciária 75/2018-GISE/SP, juntada aos autos, que relata as diligências veladas que levaram à prisão em flagrante delito de RONELSON CANDIDO MARTINS e outros, confirma a identificação do piloto ALEXANDRE JUNIOR quando da chegada do helicóptero PP-MAU no heliponto Rei das Coxinhas (sic) para embarque de ANTONIO LO. Ressalte-se, a informação foi elaborada em maio de 2018, muito antes das declarações prestadas por FELIPE RAMOS MORAIS. (…)

Ilustrativa, por fim, reportagem publicada em 26/04/2014 em face de entrevista dada pelo piloto ALEXANDRE JUNIOR ao jornalista Joaquim de Carvalho.

Após contextualizar a trajetória do jovem empresário ALEXANDRE JOSÉ DE OLIVEIRA JUNIOR, relembrando reportagem da RedeTV! em que JUNIOR era apresentado como proprietário de uma das escolas de pilotos que mais crescia em São Paulo, a JR HELICOPTEROS ESCOLA DE AVIACAO CIVIL LTDA, CNPJ 14310772000134, escola que “em dois anos…aumentou sua frota de dois para cinco helicópteros”, arremata: “em quatro anos, Alexandre foi de estagiário da Agência Nacional da Aviação Civil, a ANAC, a empresário respeitado no Campo de Marte. Com diploma de bacharel em aviação civil pela Universidade Anhembi-Morumbi, casou-se, aceitou o convite para fazer parte de uma loja maçônica e comprou um apartamento. Tudo isso com apenas 26 anos de idade.

No dia 24 de novembro, o sonho de Alexandre desmoronou. Ele foi preso depois de transportar quase meia tonelada de pasta base de cocaína a bordo do helicóptero que pertencia ao senador Zezé Perrella e seu filho, o deputado Gustavo Perrella.