Em meio à guerra com o governo, Motta faz reunião com 50 empresários na casa de Doria

Atualizado em 30 de junho de 2025 às 13:44
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), ao lado do ex-governador de São Paulo, João Doria, em encontro nos Estados Unidos. Foto: Reprodução

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), vai se reunir nesta segunda (30) com cerca de 50 empresários em um jantar na casa do ex-governador de São Paulo, João Doria. O evento ocorre em meio à maior crise entre o governo de Lula e o Congresso Nacional desde o início de seu atual mandato.

Segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, o encontro ocorre justamente quando o presidente decide partir para o confronto com o Centrão e com os grupos econômicos que, segundo ele, se recusam a pagar mais impostos no Brasil.

A crise teve início com a rejeição no Congresso aos aumentos de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) propostos por Lula. O governo, em resposta, lançou uma peça publicitária nas redes sociais, afirmando que era hora de “rachar a conta Brasil de forma mais justa”.

“Quem tem mais paga mais, e quem tem menos paga menos”, diz a campanha lançada pelo governo Lula nas redes. A peça visa angariar apoio popular para o aumento de impostos sobre os mais ricos

Lula ao lado dos presidentes do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Segundo Motta, o convite de Doria para o jantar foi feito antes do agravamento das tensões entre ele e o governo. O encontro, no entanto, está sendo interpretado por muitos como uma demonstração de apoio dos empresários da Faria Lima a ele.

A crise com o Palácio do Planalto teve início na semana passada, quando ele, junto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), liderou a maior derrota do governo no Congresso. Sem informar o Executivo ou os líderes partidários, Motta pautou a votação sobre três decretos que aumentavam as alíquotas do IOF.

A proposta do governo foi rejeitada com 383 votos a favor e 98 pela manutenção dos decretos, um resultado que pegou o Planalto de surpresa. A decisão do Congresso retirou cerca de R$ 10 bilhões em arrecadação do governo, segundo cálculos de deputados.

Lula pretende acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a votação do Congresso. Paralelamente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem estudado medidas para buscar outras formas de arrecadação.