Em meio ao caos do PCC, Tarcísio reduz verba para combater o crime organizado em SP

Atualizado em 3 de outubro de 2025 às 8:12
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Reprodução

O governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), reduziu pela metade os recursos destinados ao combate ao crime organizado, mesmo em meio ao avanço do Primeiro Comando da Capital (PCC) em setores da economia e ao domínio da facção no tráfico internacional de drogas, conforme informações do Metrópoles.

No projeto de Lei Orçamentária (LOA) de 2026, enviado à Assembleia Legislativa (Alesp), o valor proposto para a área caiu de R$ 666,4 milhões para R$ 325,8 milhões. Apesar da queda no orçamento, o governo manteve a meta de comprar mais de 60 mil equipamentos, veículos e armamentos para a segurança pública.

O envio da proposta acontece semanas após o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, executado a tiros por suspeitos de integrar o PCC em Praia Grande, no litoral paulista. No fim de 2023, integrantes da facção também foram apontados pelo assassinato de Vinícius Gritzbach, delator do grupo, no Aeroporto de Guarulhos, em uma ação que contou com a participação de policiais.

As investigações sobre a morte de Gritzbach revelaram infiltração do PCC em setores da Polícia Civil de São Paulo. Além disso, operações recentes do Ministério Público estadual mostraram que a facção atua em diferentes áreas da economia, inclusive no mercado financeiro.

Tarcísio nega elo das mortes por metanol com PCC

A redução também ocorre no momento em que crescem os registros de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol no estado. Até agora, São Paulo confirmou 10 casos e investiga outros 29, incluindo seis mortes — uma já confirmada como ligada ao metanol e cinco sob apuração.

Em coletiva, Tarcísio procurou descartar a ligação com o PCC: “Não há evidência nenhuma de que exista crime organizado nisso. As pessoas que estão trabalhando com adulteração nessas destilarias clandestinas não têm relação com o crime organizado e não têm relação entre si”.

O que diz a Secretaria de Segurança

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que “o enfrentamento ao crime organizado segue como uma das prioridades da atual gestão” e destacou que “desde o início de 2023 até agosto deste ano, foram mais de R$ 1,1 bilhão destinados a ações de combate ao crime organizado, sendo R$ 615 milhões já empenhados”.

A pasta acrescentou ainda que “o orçamento da Secretaria da Segurança Pública foi ampliado em mais de R$ 580 milhões na comparação entre a LOA 2025 e a PLOA 2026, reafirmando o compromisso do governo com o combate à criminalidade e a proteção da população”.

Segundo a nota, a segurança pública também contará com “recursos adicionais provenientes de emendas parlamentares estaduais e federais, convênios e repasses da União, bem como a utilização de valores recuperados em ações contra crimes financeiros e lavagem de dinheiro”.