Em onda de “deduragem”, extrema-direita tenta projetar disputas brasileiras nos EUA

Atualizado em 13 de setembro de 2025 às 17:11
Donald Trump e Eduardo Bolsonaro. Foto: Divulgação

O deputado federal Nikolas Ferreira usou novamente as redes sociais para atacar o influenciador Felipe Neto, desta vez tentando envolvê-lo com autoridades estrangeiras. No sábado (13), o parlamentar compartilhou no X uma foto do youtuber em uma loja nos Estados Unidos e afirmou que ele teria apagado antigas críticas ao país. Em seguida, convocou seguidores a reunir publicações antigas e marcá-las diretamente para a embaixada norte-americana.

A postagem repercutiu como mais um exemplo de perseguição digital organizada por grupos bolsonaristas. O próprio texto do deputado deixou clara a intenção de mobilizar a militância contra o influenciador: “Coloquem todos os tweets do Felipe Neto abaixo atacando os EUA e marquem a Embaixada dos EUA”.

Essa prática vem crescendo entre nomes da extrema-direita.

A estratégia é usar as redes para tentar internacionalizar disputas brasileiras, expondo vozes críticas ao bolsonarismo para autoridades dos Estados Unidos. Para opositores, trata-se de uma forma de assédio político que busca deslegitimar adversários internos com a chancela de instituições externas.

Um episódio semelhante ocorreu na sexta-feira (12). A ex-jogadora de vôlei e comentarista Ana Paula Henkel, também ligada ao bolsonarismo, respondeu no X ao vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau. No post, ela expôs a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, citando um artigo publicado pela pesquisadora em sua coluna na Folha de S. Paulo sobre os riscos representados por líderes extremistas.

Na mensagem, a bolsonarista escreveu: “Esta é uma neurocientista brasileira que trabalha (ou leciona) na Universidade Vanderbilt. Após o julgamento injusto de Bolsonaro e o assassinato de Charlie Kirk, ela declarou no artigo publicado em um grande veículo de comunicação no Brasil: ‘Os cânceres, quem diria, crescem tão rápido quando usam os nervos como microfones e alto-falantes, num ciclo de retroalimentação fadado à catástrofe. Para erradicar um câncer, é preciso tirar sua voz. Esta é uma boa semana para isso.’”

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.