Em uma reunião na sede ONU, em Genebra, em novembro do ano passado, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou esconder a crise envolvendo os povos indígenas e, em especial, a situação delicada dos yanomamis.
De acordo com o colunista Jamil Chade, do UOL, uma delegação de diferentes ministérios do governo federal, além de omitir o drama humanitário vividos pelos indígenas na época, apresentou dados de uma administração que estaria garantindo atendimento, saúde, alimentos e direitos aos povos tradicionais, no entanto, o cenário é bem diferente.
Os peritos cobraram do governo informações para saber se havia “planos para fortalecer sua estrutura institucional e sua capacidade de defender os direitos dos povos indígenas” e explicações sobre a situação dos indígenas depois que recebeu informações sobre “a mineração ilegal, o desmatamento e a extração de madeira, juntamente com uma flexibilização das regras em torno das licenças para atividades extrativistas”.
“O Comitê havia sido informado sobre as graves consequências da mineração ilegal, da exploração madeireira, da exploração de terras e do desmatamento na Amazônia, inclusive para os direitos fundamentais dos Povos Indígenas, e ele apreciaria, portanto, informações sobre as medidas adotadas para pôr um fim imediato a essas práticas e a todas as atividades de mineração e desmatamento na Amazônia, em terras indígenas, para remover garimpos ilegais e investigar denúncias de violações de direitos humanos de forma eficaz”, diz a minuta do encontro.
Apesar de tantos questionamentos e cobranças acerca de assuntos delicados, as respostas da delegação brasileira continuaram evasivas. Além disso, em nenhum momento há qualquer referência à crise humanitária vividas pelos indígenas.
“Um representante do Brasil disse que a Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde supervisionou uma divisão de serviços de saúde dedicada à prestação de serviços de saúde à população indígena. Ela oferecia serviços diferenciados, além de saúde tradicional indígena”, disse a delegação.
“Durante a pandemia da covid-19, a Secretaria Especial havia intensificado suas atividades para atingir todos os 34 distritos indígenas, auxiliados por mais de 84 milhões de reais de financiamento do Estado. Ações específicas de assistência à saúde foram realizadas em outros distritos prioritários”.
Vale destacar que ao final do encontro, o órgão se declarou alarmado com a situação do povo yanomami e cobrou respostas por parte do governo do ex-presidente: “O Comitê está preocupado com o impacto da falta de proteção legal efetiva sobre os direitos das comunidades Munduruku e Yanomami, que alegadamente foram submetidas a graves violações de seus direitos humanos”.