Conforme apontou o Observatório da TV, apesar da estreia medíocre no primeiro jogo da Copa do Mundo contra a Suíça, Galvão Bueno, o “animador oficial” não perdeu o habito de nos seus discursos colocar panos quentes no desempenho dos jogadores. O que goste-se ou não, é sua função no evento.
No entanto, tal alegria otimista não devia ser levada de maneira tão enfática nos telejornais da emissora. E é isso que vem acontecendo, prejudicando a boa informação.
Na semana passada, ainda antes da abertura oficial dos jogos, telejornais importantes da grade, como o Jornal Hoje e o Jornal Nacional foram, gradativamente, aumentando o espaço do futebol entre seus assuntos. E, quando a Copa começou de fato, os jornais praticamente se esqueceram dos demais assuntos. De uma maneira desproporcional, a crise política brasileira “cedeu” espaço a reportagens que enalteciam os “heróis” brasileiros na Rússia.
Não bastasse a distribuição desigual dos temas, a cobertura peca pela total ausência de tom crítico. Todos os jornais da Globo mostram a “seleção canarinho” como a grande vedete da Copa do Mundo. Não há espaço para análises mais aprofundadas sobre o futebol brasileiro, que não vive às mil maravilhas como parece em tempos de Copa do Mundo.
É evidente que, para a Globo, a Copa do Mundo é, antes de tudo, um negócio. É importante que ela mobilize os brasileiros, para que o grande investimento na transmissão do evento tenha um retorno. Por isso mesmo, sua equipe se empenha para fazer o espetáculo acontecer. Mas seria interessante se houvesse um equilíbrio aí. A emissora pode continuar fazendo da Copa um espetáculo, mas não devia contaminar seu jornalismo com o mesmo tom ufanista visto nas transmissões e nos programas de entretenimento. O público que busca informação de qualidade acaba perdendo.