Embaixada chinesa na Argentina critica secretário de Trump: “América Latina não é quintal”

Atualizado em 11 de outubro de 2025 às 11:30
Scott Bessent e seu funcionário Javier Milei

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que o presidente argentino Javier Milei se comprometeu a “tirar a China da Argentina”.

A declaração foi feita em entrevista à Fox News, na qual o norte-americano justificou o apoio financeiro de 20 bilhões de dólares por meio de um swap anunciado na quinta-feira (9).

Segundo ele, Milei “é um aliado dos Estados Unidos e está tentando romper um ciclo negativo de 100 anos”, acrescentando que “a China está por toda parte na América Latina”.

“Quer atirar em mais navios como na Venezuela? Não queremos um Estado fracassado”, afirmou Bessent. “Ontem à noite vimos como a China impôs mais controles sobre a exportação de terras raras, e a Argentina é rica em terras raras e urânio. Acredito que o país está comprometido com a chegada de empresas privadas dos Estados Unidos e em ser um bom parceiro para elas.”

A fala provocou reação da embaixada da China em Buenos Aires. Em nota oficial, a representação chinesa classificou as declarações de Bessent como “provocadoras” e afirmou que revelam uma “mentalidade da Guerra Fria ainda presente em certos funcionários norte-americanos”.

O texto também critica o “espírito de confronto e intervencionismo” dos Estados Unidos e afirma que Pequim sempre manteve “relações de respeito, igualdade e benefício mútuo” com os países da região.

A embaixada destacou que “a cooperação entre a China e a América Latina se baseia em necessidades e interesses estratégicos comuns”, ressaltando que as ações chinesas “promoveram o desenvolvimento econômico e social da região”.

O comunicado acusa Washington de tentar impor sua hegemonia e interferir nos assuntos internos de outras nações. “Os Estados Unidos devem entender que a América Latina e o Caribe não são o quintal de ninguém”, diz a nota.

Em tom firme, a representação diplomática acrescentou que os países latino-americanos “têm o direito de escolher, com independência e liberdade, seu caminho de desenvolvimento e seus parceiros de cooperação”. E concluiu: “Seria melhor que os Estados Unidos deixassem de semear discórdia e criassem mais oportunidades reais para o desenvolvimento da região que dizem defender”.