A embaixada dos Estados Unidos no Brasil voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta (12), um dia após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. A representação diplomática compartilhou mensagens de autoridades americanas que acusam Moraes de perseguir opositores e usar a lei como “arma política”.
Entre os posts republicados está o do vice-secretário de Estado Christopher Landau, que afirmou em sua conta no X que Moraes estaria “desmantelando o Estado de Direito” e levando as relações entre Brasil e EUA ao “ponto mais sombrio em dois séculos”.
A embaixada também divulgou mensagem do gabinete do subsecretário de diplomacia pública do Departamento de Estado. O texto descreveu a decisão do STF como sombria e acusou Moraes de “perseguição e censura”, classificando-o como um “violador de direitos humanos sancionado” que tem Bolsonaro e seus aliados como alvo.
As publicações seguem a linha do governo de Donald Trump, que comparou o julgamento no Brasil às acusações que ele próprio enfrentou nos EUA. Em 2023, o republicano foi alvo de processo por tentar reverter as eleições de 2020, mas o caso foi arquivado após ele reassumir a presidência, sob o entendimento de que mandatários em exercício têm imunidade.
Nesta quinta (11), o STF condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, em regime inicial fechado, pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado democrático de direito, organização criminosa armada, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado. A defesa prometeu recorrer inclusive a instâncias internacionais.
Trump reagiu à condenação dizendo estar surpreso com a decisão do STF, enquanto o secretário de Estado Marco Rubio chamou o julgamento de “nova caça às bruxas” e prometeu resposta do governo americano. A Casa Branca já havia ameaçado, durante a análise do processo da trama golpista, usar “militares” contra o Brasil.
Aliados de Bolsonaro acreditam que novas sanções contra autoridades brasileiras devem ser anunciadas. Estão em discussão restrições adicionais a vistos e punições financeiras. Até agora, o governo Trump suspendeu a entrada nos EUA de Moraes e de outros sete ministros do STF, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet.