
A embaixada dos EUA no Brasil voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, reproduzindo postagem de Christopher Landau, vice-secretário de Estado dos Estados Unidos e segundo na hierarquia da diplomacia americana.
Na mensagem, Landau acusa o magistrado de concentrar poderes “ditatoriais” e de ameaçar líderes dos outros Poderes ou seus familiares com prisão e penalidades.
Segundo o diplomata, a separação de poderes é a maior garantia de liberdade concebida pela humanidade, mas não funciona quando um deles intimida os demais a abrir mão de suas prerrogativas constitucionais. Ele afirma que Moraes teria destruído a histórica relação de proximidade entre Brasil e Estados Unidos ao tentar aplicar extraterritorialmente a lei brasileira para censurar pessoas e empresas em território americano.
Landau classificou a situação como “sem precedentes e anômala”, ressaltando que a gravidade aumenta por se tratar de um juiz que “reveste-se do Estado de Direito” para agir politicamente. Ele destacou que é possível negociar com líderes do Executivo e do Legislativo, mas não com um magistrado que deveria se pautar exclusivamente pela lei.
O vice-secretário de Estado também afirmou que os demais poderes brasileiros se dizem “impotentes” para reagir às ações de Moraes. No texto, ele questiona se há registro histórico de um único juiz, não eleito, ter assumido o controle do destino de sua nação, e declara que os Estados Unidos querem restaurar a amizade histórica com o Brasil.
Foi o segundo ataque em dois dias. O Itamaraty convocou, na sexta-feira (8), o encarregado de negócios da embaixada, Gabriel Escobar, para tratar de ameaças da representação americana contra Moraes.
Escobar foi recebido pelo embaixador Flavio Goldman, que responde interinamente pela Secretaria de Europa e América do Norte. De acordo com fontes do Ministério das Relações Exteriores, Goldman expressou a “profunda indignação” do governo brasileiro diante do tom e do conteúdo das publicações feitas pelo Departamento de Estado e pela embaixada dos EUA.
A convocação foi motivada por uma publicação feita na quinta-feira (7), após a embaixada dos EUA em Brasília traduzir para o português uma postagem do subsecretário do governo americano, Darren Beattie. Na mensagem, Beattie afirmava que Moraes foi sancionado pela Lei Magnitsky por ser “o arquiteto da censura e perseguição contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”.
Foi a quarta convocação de Escobar desde o início da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, gerada pelo aumento de tarifas imposto pelo presidente americano Donald Trump. A Casa Branca também anunciou sanções contra Moraes e tenta incluir o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, em curso no STF, como parte de uma negociação comercial — proposta rejeitada pelo governo brasileiro.
A separação dos poderes de um Estado é a maior garantia de liberdade já concebida pela humanidade. Nenhum poder, nem mesmo uma pessoa, pode acumular autoridade excessiva se for controlada pelos demais. Mas uma separação formal não significa nada se um dos poderes tiver meios de… https://t.co/CjJolkmYxn
— Embaixada EUA Brasil (@EmbaixadaEUA) August 9, 2025