Embaixador dos EUA nomeado por Trump e que deu churrasco para Bolsonaro anuncia sua aposentadoria

Atualizado em 10 de junho de 2021 às 15:44
Todd Chapman (de caubói) com Bolsonaro no almoço de 4 de julho na embaixada dos EUA

O embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, disse nesta quinta-feira que está se aposentando por “razões pessoais positivas”, seja lá o que isso signifique.

Após uma carreira de 30 anos no Departamento de Estado, ele se mudará para Denver, no Colorado.

Em comunicado no site da embaixada e em sua conta no Twitter, disse ter informado Joe Biden de sua decisão.

Em seus 15 meses em Brasília, Chapman ficou amigo de Bolsonaro e seus filhos.

No dia 4 de julho do ano passado, feriado do Dia da Independência americana, deu um churrasco para o presidente na embaixada.

Todos estavam sem máscara e devidamente aglomerados.

Chapman trabalhou para impedir que o Brasil permitisse a participação da Huawei na licitação para a instalação da infraestrutura da rede de telefonia 5G.

Sua nomeação em outubro de 2019 ocorreu quando Bolsonaro buscava puxar o saco do então presidente Donald Trump.

Gostava de posar de chapéu de cowboy e bota. Uma pessoa que falou à Associated Press sob condição de anonimato no ano passado confirmou relatos de que Chapman sugeriu que o Brasil poderia influenciar o voto de Iowa nas eleições presidenciais dos Estados Unidos ao suspender as tarifas do etanol.

Isso levou o presidente democrata do Comitê de Relações Exteriores da Câmara a investigar Chapman.

Sua carta de despedida:

Estou imensamente orgulhoso de ser um cidadão dos Estados Unidos e ter a oportunidade de servir e representar meu país. Tendo passado mais de 12 anos no Brasil ao longo da minha vida, essa linda nação também está para sempre gravada no meu coração. Sendo embaixador dos EUA no Brasil desde março de 2020 é uma grande honra. Deu-me a oportunidade, juntamente com os profissionais brasileiros e americanos da Embaixada e dos Consulados dos EUA, de fazer parte de momentos notáveis da parceria Brasil-EUA. Trabalhando lado a lado com o governo e nossos amigos brasileiros, tive o privilégio de testemunhar e desempenhar um papel para ajudar a moldar essa relação no que acredito genuinamente que nossas nações devem ser – parceiras estratégicas e iguais. Mesmo enfrentando a pandemia mais devastadora em mais de um século, continuamos construindo uma aliança e parceria cada vez mais forte com o Brasil, a maior e mais influente democracia da América Latina.

E é por isso que, com emoções mistas, escrevi ontem ao presidente Biden para informá-lo da minha decisão de me aposentar do serviço público depois de 30 anos de carreira no Departamento de Estado. Após minuciosa consideração, minha esposa Janetta e eu estamos convencidos de que este é o momento propício, por várias razões pessoais positivas, para nos mudarmos para Denver, Colorado, para viver mais perto de nossos dois filhos e nora e realizar novas oportunidades profissionais e interesses pessoais de longa data com os quais estamos genuinamente entusiasmados.

Janetta e eu servimos os EUA, juntos, em oito países da América Latina, África e Ásia. Como diplomata, servi sob seis presidentes americanos, três republicanos e três democratas. Na minha carta ao presidente Biden, lembrei-o de suas palavras quando minha esposa e eu o conhecemos em 2011 – de que o nosso serviço era importante para a nossa nação. Agradeci-lhe por esse reconhecimento e acredito que ainda é verdadeiro, e espero continuar a servir nossa nação, embora em caráter privado.

Com a oportunidade de passar tanto tempo da minha vida no Brasil, tenho grande admiração, respeito e carinho pelo Brasil e pelo povo brasileiro. Quando o meu tempo como embaixador dos EUA concluir, minha relação com o Brasil continuará, graças às maravilhosas amizades que fiz aqui ao longo de uma vida. Portanto, como eu diria aos meus amigos brasileiros mais próximos: “a gente se vê”. Passarei meus próximos 30 dias no Brasil fazendo minha parte ativamente como embaixador dos EUA para continuar avançando na relação Brasil-EUA, mais forte do que nunca, na direção positiva que está seguindo.

Em minha carta ao presidente Biden, desejei-lhe as bênçãos de Deus, de sabedoria e força, enquanto ele lidera o povo americano. Que a forte amizade entre o povo americano e o povo brasileiro continue a florescer nos anos vindouros, tarefa à qual continuarei dedicado para o resto da minha vida. Obrigado amigos brasileiros, a gente se vê!