Uma cena patética para o bolsonarismo — mais uma — se desenrolou na sede europeia da ONU durante um debate sobre autoritarismo.
Em meio a um discurso de Jean Wyllys sobre Marielle Franco, a chefe da delegação brasileira junto às Nações Unidas, Maria Nazareth Farani Azevêdo, resolveu interrompê-lo e deu piti.
A embaixadora se levantou na plateia para deixar a sala depois de ter feito uma pergunta ao ex-deputado.
“A senhora não quer ouvir a resposta dele?”, pergunta o mediador.
“Desde que eu possa fazer uma tréplica”, ela responde.
“Desculpe, não é assim que as coisas funcionam”, devolve o outro.
Enquanto ela indo embora, Wyllys pede que ela o ouça, inutilmente.
O video do barraco foi feito pelo jornalista Jamil Chade (no pé deste artigo).
Nazareth tem 61 anos, nasceu em Alegre, no Espírito Santo, cresceu em Brasília e chegou a ser cotada para comandar o Itamaraty.
É um exemplo de sobrevivência na área diplomática. Não de coerência, claro.
Seu apelido é Lelé.
Foi chefe de gabinete de Celso Amorim — a primeira mulher a ocupar o posto — entre 2005 e 2008 e subiu na carreira durante os governos Lula e Dilma.
Ela garante, no entanto, que sofreu “perseguição” dos petistas.
“Sempre trabalhei com afinco”, afirmou a um site direitista.
“Não fui protegida pelo PT, ao contrário, fui perseguida pelo Itamaraty e pelo Palácio do Planalto entre 2011 e 2016, após fazer discurso crítico à Venezuela”.
O acosso que sofreu, se é que ocorreu, ela não explica.
O fato é que continuou onde estava, sem maiores.
Hoje Bolsonaro desde criancinha, proporciona vexames pelo mundo.
Barraco na ONU promovido pela embaixadora do Brasil que se recusou a ouvir a resposta de Jean Wyllys. pic.twitter.com/kB8XP8TByv
— Jamil Chade (@JamilChade) March 15, 2019