“Emboscada”: o plano dos Kids Pretos contra Moraes no 8 de janeiro

Atualizado em 9 de novembro de 2024 às 11:52
O ex-presidente Jair Bolsonaro ao lado de Mário Fernandes, membros dos Kids Pretos. Foto: reprodução

Desde fevereiro, a Polícia Federal conseguiu reunir provas de que um grupo de militares, conhecido como “Kids Pretos”, articulou uma emboscada contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O plano, que incluía monitoramento detalhado do ministro, fazia parte dos preparativos para um golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.

Segundo a repórter Juliana Dal Piva, do ICL Notícias, fontes ligadas à investigação dizem que as informações foram coletadas em dispositivos apreendidos durante a Operação Tempus Veritatis, que investiga desde bolsonaristas que participaram de uma reunião golpista com o ex-presidente até os financiadores dos ats de 8 de janeiro.

Entre os envolvidos, está o general Mário Fernandes, ex-chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro. Documentos revelam que o grupo monitorava rotinas e informações dos responsáveis pela segurança de Alexandre de Moraes e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme publicado pelo Uol. Esse levantamento teria sido feito pelos “Kids Pretos”, apelido dos militares formados em Operações Especiais do Exército.

A investigação revelou que, entre as atribuições dos Kids Pretos no plano golpista, estava a prisão de Moraes e de outras autoridades. A PF identificou uma reunião do grupo em novembro de 2022, em Brasília, e detalhes do plano foram encontrados em mensagens de Mauro Cid, tenente-coronel que colaborou com a investigação.

Alexandre de Moraes, ministro do STF. Foto: Antonio Augusto/STF

Na última semana, Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e o general Nilton Rodrigues prestaram depoimento no inquérito.

A PF apurou que o grupo contava com o general Mário Fernandes para garantir a adesão dos Kids Pretos ao plano, que incluía o comandante da unidade de Operações Especiais à época, general Carlos Alberto Rodrigues Pimentel. Fernandes, que anteriormente havia comandado o Comando de Operações Especiais, seria peça-chave na articulação.

Um dos principais indícios sobre o papel de Fernandes é um áudio recuperado pela PF. Na gravação, o coronel Hélcio Franco, também envolvido no plano, conversa com o ex-militar Ailton Barros e destaca a importância de Fernandes no controle das tropas. Na gravação, Hélcio afirma: “Quem tem a tropa na mão é o comandante de Operações Especiais. […] Eu acho melhor coordenar esse assunto com o Mário, tá?”.

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