
O enviado especial para Missões Especiais da Casa Branca, Richard Grenell, reuniu-se em Nova York com o ex-chanceler Celso Amorim, assessor internacional de Luiz Inácio Lula da Silva, na véspera do primeiro encontro entre o presidente brasileiro e Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU.
O encontro, realizado em 22 de setembro, foi mantido em sigilo até agora e integra uma série de conversas reservadas entre autoridades dos dois governos.
Segundo o Estadão, a reunião ajudou a criar um ambiente favorável para o diálogo entre Lula e Trump, que se encontraram no backstage da ONU no dia 23. Celso Amorim confirmou o encontro, descrevendo Grenell como “um cara muito pragmático”, mas evitou dar detalhes adicionais. A aproximação envolveu também o vice-presidente Geraldo Alckmin e o embaixador Jamieson Greer, representante comercial dos Estados Unidos.
A conversa entre Lula e Trump, que durou menos de um minuto, teria sido precedida de uma sequência de contatos diplomáticos. Dias antes, em 15 de setembro, Grenell esteve no Rio de Janeiro para uma reunião reservada com o chanceler Mauro Vieira. Ainda em território brasileiro, o americano telefonou para Amorim e, por WhatsApp, acertaram o encontro em Nova York uma semana depois.

Fontes do governo brasileiro afirmam que a postura “pragmática” de Grenell ajudou a alterar a percepção do presidente americano sobre o Brasil, levando Trump a ouvir “outras vozes” dentro da Casa Branca e a moderar a influência do secretário de Estado Marco Rubio, mais próximo da ala bolsonarista. Rubio, no entanto, foi mantido como interlocutor com o Brasil, por ocupar também o posto de conselheiro de Segurança Nacional.
Após o telefonema entre Lula e Trump na segunda-feira (6), Rubio conversou por telefone com Mauro Vieira. A conversa, em espanhol, terminou com o compromisso de uma nova reunião oficial em Washington, prevista para a próxima semana, antes da viagem presidencial à Malásia, onde Lula e Trump poderão se encontrar novamente.
Grenell, que já foi embaixador na Alemanha e enviado para missões nos Bálcãs, faz parte de uma ala do governo americano que diverge da linha mais dura de Rubio. Além de exercer o cargo de diretor do The Kennedy Center, o enviado já atuou como emissário em temas latino-americanos, incluindo contatos com os governos de Lula e Nicolás Maduro.