Emmy 2025: Javier Bardem denuncia genocídio em Gaza e pede boicote a Israel

Atualizado em 14 de setembro de 2025 às 23:55
Javier Bardem desfila no tapete vermelho do Emmy. Foto: Divulgação

O ator espanhol Javier Bardem transformou sua passagem pelo tapete vermelho do Emmy 2025 em um ato político. Indicado a melhor ator coadjuvante de minissérie por “Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais”, da Netflix, ele ergueu a voz em defesa da Palestina. Usando um keffiyeh, lenço típico da cultura árabe, Bardem denunciou o que chamou de “genocídio em Gaza” e pediu sanções contra Israel.

Em entrevista à revista Variety, o ator explicou que sua posição está alinhada a um movimento que reúne cerca de 1.500 profissionais do cinema e da televisão. O grupo anunciou um boicote a instituições e empresas israelenses, acusadas de manter vínculos com a ofensiva militar em Gaza.

“Aqui estou hoje, denunciando o genocídio em Gaza”, disse Bardem. “A Associação Internacional de Estudos de Genocídio declarou que se trata de um genocídio. Por isso pedimos bloqueio comercial, diplomático e sanções.”

Bardem reforçou ainda que não pretende trabalhar em produções financiadas por entidades ligadas a Israel. “Não posso colaborar com alguém que justifica ou apoia o genocídio. É simples assim. Não deveríamos poder fazer isso, nesta indústria ou em qualquer outra”, afirmou.

O protesto não foi isolado. Entre os signatários do boicote estão nomes de peso da indústria cinematográfica, como os diretores Yorgos Lanthimos, Ava DuVernay, Asif Kapadia e Adam McKay, além de atores como Olivia Colman, Riz Ahmed, Mark Ruffalo, Tilda Swinton, Emma Stone, Gael Garcia Bernal, Lily Gladstone, Melissa Barrera e Ayo Edebiri. A lista inclui também artistas emergentes que ganharam destaque em Hollywood nos últimos anos.

No mesmo tapete vermelho, outras celebridades aderiram a um gesto simbólico. Muitas usavam pins do movimento Artists4Ceasefire, criado para pedir um cessar-fogo imediato na guerra entre Israel e Hamas. O acessório, de metal e em formato de uma mão segurando um coração, foi visto em lapelas e vestidos de Hannah Einbinder, Ruth Negga, Chris Perfetti e Aimee Lou Wood.

Alguns artistas foram além. A comediante Meg Stalter, conhecida pela série “Hacks”, carregou uma bolsa com os dizeres “cessar-fogo!”. O gesto chamou a atenção da imprensa e reforçou a ideia de que a premiação, tradicionalmente dedicada apenas a celebrar produções televisivas, tornou-se também palco para reivindicações políticas.

A reação de Israel não demorou. Em comunicado enviado ao jornal britânico ‘The Guardian’, Nadav Ben Simon, presidente do sindicato de roteiristas do país, criticou duramente a campanha de boicote. Ele classificou a iniciativa como “profundamente preocupante e contraproducente” e alertou que isolar criadores israelenses em meio ao conflito pode enfraquecer vozes favoráveis ao diálogo dentro da própria indústria cultural do país.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.