Empatia com quem? Irresponsável, Bolsonaro pode ter contaminado mais de 50 pessoas nos últimos dias

Atualizado em 7 de julho de 2020 às 15:57

Não há nada pior que patrulha moral. Nada.

“Não vou fazer ironias. Muito menos iluminar rancores. O presidente do Brasil, goste dele ou não, testou positivo p/ Covid19. Isso é grave”, escreveu Luciano Huck no Twitter.

“Nenhum cidadão tem como se sentir seguro nestas condições. O momento é muito sério. E requer a empatia que cobramos dos outros.”

Primeiro: que diabo significa “iluminar rancores”?

Segundo: empatia não é um algo ilimitado e que se estende a qualquer um. No mínimo, requer reciprocidade.

Os 65 mil mortos não mereceram compaixão de Bolsonaro — e nem de Huck, aliás.

Bolsonaro é o homem que respondeu “E daí?” quando lhe pediram uma palavra sobre um recorde de mortes diárias por coronavírus (houve vários).

O filho dele, Eduardo, disse o seguinte quando Joice Hasselmann anunciou que tinha a covid-19: “Não sabia que coronavírus dava em porco”.

Irresponsável, o sujeito passou meses provocando aglomerações e fazendo reuniões em máscara.

Agora alega estar adotando precauções para não transmitir a doença para terceiros, “como qualquer cidadão” deveria fazer.

O vírus pode ficar incubado por até catorze dias. Se ele começou a se sentir mal no domingo, provavelmente contaminou outras pessoas desfilando sem máscara.

Nas contas da Veja, o sujeito teve contato direto pelo menos 50 pessoas nos últimos 8 dias. Isso oficialmente.

Na semana passada, recebeu dirigentes futebol, esteve em Santa Catarina e voltou correndo para ir puxar o saco do embaixador americano, Todd Chapman.

Chapman testou negativo. Estava também com o babaquara Ernesto Araújo e Eduardo.

Generais, ministros, o sanfoneiro da Embratur, a pobre intérprete de libras. Sem contar Michelle e a filha.

Quer empatia?

Tenha por esses inocentes que estiveram em contato com um irresponsável que deveria ser interditado, muito mais do que impichado.

 

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.