“Empoderadas”, o novo livro de Palmério Dória. Por Marcius Cortez

Atualizado em 26 de novembro de 2018 às 21:48
Empoderadas, novo livro de Palmério Dória. Foto: Divulgação

POR MARCIUS CORTEZ

Ainda não são nem 10 da manhã mas ele já levantou a saia da mulher mineira. E já soltou os cachorros em cima da cavalaria golpista. Já cravou em seus tuites que a demência reinante será acompanhada por um sol moribundo de cor sinistra a pairar sobre um mar de lama que exala um fedor abominável.

O Brasil inteiro conhece o jornalista Palmério Dória, autor de “Honoráveis Bandidos”, um dos livros mais vendidos dos últimos 10 anos no país. Palmério vale por um jornal de boa tiragem, um programa de rádio de boa audiência, um show na tevê de bom Ibope. Basta somar o que publica e divulga em forma de posts, tuítes, whatsapps, mesengers, stories ao longo do dia que você verá que sua visualização equivale ao alcance produzido pelos meios de comunicação tradicionais.

Da sua caverna, no seu apartamento no Baixo Augusta, Palmério vai alimentando seu sonho diurno. Pois apesar de longa a arte e de tão breve a vida, o princípio esperança é questão de sobrevivência.

Defino o seu último livro, “Empoderadas. Mulheres eternas corpo a corpo com a vida”, lançado semana passada em São Paulo, como uma pequena enciclopédia da esperança. A obra traz informações preciosas sobre mais de 200 mulheres, entre brasileiras e estrangeiras, que lutaram por mudanças no mundo. O leitor tem encontro marcado com Marielle Franco, Nise da Silveira, Pagu, Chiquinha Gonzaga, Lina Bo Bardi, Zilda Arns, Luiza Erundina, Dolores Duran, Leila Diniz, Hilda HiIst, Lucélia Santos, Maria da Penha, Amy Winehouse. Um vasto mundo de “coisas findas, muito mais que lindas”.

É dispensável dizer que o texto cativa. Em muitos momentos se esmera na “soltura” e mantém-se fiel ao bom humor. Contudo quando precisa ser grave preserva o nível, rejeitando o fácil e o lugar comum. No capítulo intitulado “Muito Além da Realidade” dedicado à psicanalista Nise da Silveira há uma boa mescla de pesquisa com textos da criadora do Museu das Imagens do Inconsciente. Destaco especialmente esse trecho: “Vou lhe fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda”.

Óbvio que se tratando de uma obra de Palmério não poderiam faltar interessantes revelações como a que dá conta que foi Paulo César Pereio o inventor da Leila Diniz. Nas areias de Ipanema o ator levava um papo com Tarso de Castro insistindo que o Pasquim tinha que lançar gente nova. O jornalista então pediu um exemplo. Pereio apontou o dedo para a moça que acabara de pisar na areia, era ela, em corpo e alma, a radiante Leila Diniz.

Seus amigos mais próximos, Luiz Fernando Emediato, Samir Salman, José Luiz Del Roio, Paulo César Pereio afirmam que Palmério soltou todo o seu lado mulher. Brincadeiras à parte, as 136 páginas de “Empoderadas” confirmam que quando as mulheres irrompem na História, elas criam o novo. Ou em outras palavras, elas refundam e renovam a utopia.

(“Empoderadas. Mulheres Eternas Corpo a Corpo com a Vida”. Palmério Dória. Geração Editorial. Preço: R$64,90).