Empresa deve prolongar obras da linha laranja do metrô de SP por mais 3 anos

Atualizado em 27 de maio de 2024 às 14:30
Obras da linha laranja do Metrô. Foto: reprodução

A construção da linha 6-Laranja do metrô de São Paulo, planejada para ligar a zona norte à região central da cidade, pode ter a entrega das estações atrasadas em mais de três anos. A concessionária Linha Uni, responsável pela obra e gestão do ramal, revelou em um relatório de administração que as dificuldades geológicas encontradas podem estender o prazo em 1.096 dias.

Diante da possibilidade de atraso, a Linha Uni solicita uma compensação financeira de R$ 280 milhões, que está atualmente em análise pelo governo estadual. Inicialmente, a construção foi orçada em R$ 18,5 bilhões.

“A obra está sendo impactada em seu cronograma com os atrasos na construção de algumas estações, devido a problemas encontrados durante a sua construção, que não foram previstos nos estudos de geologia durante os levantamentos prévios”, afirma o documento da concessionária.

O projeto da linha 6-Laranja atravessou diversos governos do PSDB, desde José Serra até Rodrigo Garcia, e agora está sob a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Inicialmente prometida para começar em 2010, a obra sofreu uma série de adiamentos e efetivamente teve início em 2015, com previsão de entrega em cinco anos. No entanto, a construção foi paralisada em 2016 e retomada apenas em 2020 com a atual concessionária.

Além disso, houve uma interrupção inesperada de sete meses em 2022, quando uma cratera se abriu na marginal Tietê devido ao rompimento de uma tubulação de esgoto, inundando a tuneladora que realizava a escavação.

Solo cedeu nas obras da estação Freguesia do Ó. Foto: reprodução

A Linha Uni alega enfrentar desafios consideráveis tanto no trecho norte quanto no sul devido a condições de solo não previstas originalmente. Para Edilson Pizzato, professor de Geologia de Engenharia do Instituto de Geociências da USP, pode ter ocorrido erro nos estudos geológicos ou em sua análise. “Não é para acontecer isso”, afirmou Pizzato em entrevista à Folha de S.Paulo, ressaltando que o Metrô de São Paulo realiza investigações geológicas detalhadas, com sondagens a cada 50 metros.

A concessionária está realizando estudos para agilizar a entrega do empreendimento, modificando métodos de construção e ampliando esforços e recursos aplicados. “A concessionária está realizando estudos para agilizar a entrega do empreendimento diante dos riscos geotecnológicos materializados durante as obras”, explicou a Secretaria de Parcerias em Investimentos do Estado.

Os atrasos causaram impacto financeiro significativo, resultando em retenção de valores sobre pagamentos de notas fiscais emitidas, totalizando R$ 48,3 milhões em penalidades em 2023. A Linha Uni alega que os custos adicionais e os impactos dos atrasos serão parte do reequilíbrio do contrato de concessão. O contrato prevê responsabilidade da concessionária por eventos geotecnológicos até R$ 40 milhões, valores que ultrapassarem esse limite serão de responsabilidade do poder concedente.

Atualmente, cerca de 8,2 km de túneis foram construídos por duas tuneladoras, com obras simultâneas em todas as 15 estações. Algumas estações estão em níveis avançados de construção, como a Santa Marina, com 62,13% das obras concluídas, enquanto outras, como a Vila Cardoso, têm menos de 30% dos trabalhos prontos.

A estação 14 Bis, localizada no centro, enfrenta um desafio adicional com a descoberta de um sítio arqueológico, o que paralisou as escavações por intervenção do Ministério Público Federal e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Se todo o prazo adicional for utilizado, a linha 6-Laranja será entregue em 2028, três anos depois do previsto inicialmente. O cronograma atual prevê o início da operação em 2026, entre a Brasilândia e Perdizes, na zona oeste, com a inauguração do restante das estações em 2027. A expectativa é que, quando concluído, o ramal transporte 630 mil pessoas diariamente, ligando a Brasilândia ao centro da cidade e interligando com outras linhas e com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

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