Empresa do marido de Joice Hasselmann foi investigada no Ministério Público de SP

Atualizado em 22 de julho de 2021 às 23:38
Joice Hasselmann e o marido, o neurocirurgião Daniel França

A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) relatou hoje que acordou no domingo (18) com fraturas pelo corpo e em uma “poça de sangue”, sem se lembrar o que exatamente teria acontecido. “Acordei sem saber quanto tempo fiquei desacordada. A hipótese que eu mais acredito é que sofri um atentado”, afirmou.

Joice tem fraturas no rosto e uma na costela, um dente quebrado e um corte no queixo. A última coisa que lembra é de estar sozinha em seu quarto no apartamento funcional em Brasília assistindo a uma série da Netflix. Segundo ela, nada foi roubado. A deputada não descarta a possibilidade de ter se acidentado sozinha.

Seu marido, o neurocirurgião Daniel França, estava no apartamento e dormia no outro quarto, segundo Joice, por roncar demais. Daniel costuma passar os fins de semana na capital federal. Ela disse que ele a socorreu, às 7 horas da manhã, quando ligou para seu celular por não conseguir se levantar.

A parlamentar afirma que França a levou para o quarto, fez curativos e ministrou os remédios. O correto seria chamar o socorro imediatamente para fazer a remoção com colar ortopédico.

França, repita-se, é cirurgião.

Daniel França foi presidente do PSL de Teresina-PI. Ele e Joice se casaram em 2016 e chegaram a se separar em fevereiro de 2020, poucas semanas antes da empresa de Daniel ser investigada pelo Ministério Público de São Paulo.

A Nevro Serviços Médicos foi contratada pelo governo de SP em novembro de 2018, pouco depois do segundo turno das eleições, para fornecer, segundo o contrato, “profissional para o atendimento de cirurgias eletivas no centro cirúrgico três vezes por semana, neurocirurgião para visitas médicas diariamente e profissional para atendimento ambulatorial duas vezes por semana, além de coordenador e de neurologista para cobertura a distância 24 horas por dia”.

Durante os meses de novembro de 2018 a fevereiro de 2019, no entanto, o Hospital Regional de Registro (HRR) não realizou neurocirurgia alguma. A denúncia que consta no inquérito da polícia é de que os pagamentos teriam sido feitos no período e a Nevro teria recebido R$ 595 mil. Segundo o inquérito, um paciente chegou a morrer ao ser encaminhado ao hospital e não ter sido atendido.

A investigação do Ministério Público se concentrou em verificar se o hospital de fato realizou procedimentos e apurar a suposta prática de “quarteirização” – que é quando uma empresa terceirizada terceiriza serviços – na contratação de médicos especializados.

Um levantamento da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo mostrou que a organização social que contratou a empresa de Daniel França, chamada Instituto Sócrates Guanaes (ISG), recebeu R$ 63 milhões em 2019 para fornecer pessoal e gerenciar o hospital.

Daniel França disse, à época, que no período em que o hospital não realizou neurocirurgias, a empresa dele trabalhou na estruturação do centro cirúrgico do hospital e que a contratação começou em agosto, antes da eleição de Joice como deputada e de João Doria (PSDB) como governador. Joice Hasselmann afirmou ser “mentira que houve pagamentos por serviços não prestados”.

O ISG, por sua vez, disse que a Nevro Serviços Médicos prestou atendimento ambulatorial nos meses contratados e que “não existiram pagamentos a fornecedores por serviços não executados”.