Empresa paraibana destrói a memória de João Dantas e Anayde, personagens de um crime passional que mudou a história do Brasil

Atualizado em 11 de janeiro de 2020 às 20:53
Cláudio Marzo e Tânia Alves interpretaram João Dantas e Anayde no cinema

Por Tertuliano

Não poderemos falar em história sem falarmos em capitalismo e para o multiartista paraibano Bráulio Tavares, existem dois tipos de capitalismo: o selvagem e o civilizado.

“O Capitalismo Selvagem é um processo que age às cegas, visando apenas o próprio lucro, cada vez maior, cada vez mais rápido; é um inseto predatório, que quer devorar tudo que aparece à sua frente, no menor espaço de tempo possível”. Destrói tudo que há à sua volta, e com isto acaba destruindo a si mesmo. Se o deixarem à solta, em 50 anos ele transforma a Amazônia no deserto do Saara, e morre de fome e sede.

“E o Capitalismo Civilizado lucra, produz, enriquece os acionistas, mas ao mesmo tempo se preocupa com questões sociais, patrocina as artes, protege o meio ambiente, trata bem os operários.”

Dentro desse sistema surgem três figuras, que ele mesmo destaca e são:

O lucrador predatório, o modernizador angustiado e desinformado catastrófico.

O lucrador predatório demole casas, árvores e a própria história, é um verdadeiro gafanhoto.

O modernizador angustiado ele classifica como o tipo menos sinistro, é consciente do seu ato, mas faz em nome de uma boa intenção.

Já o desinformado, catastrófico, destrói sem saber que estar destruindo.

Porque fui buscar no temário de Tavares esse assunto.

Hoje como de costume vi uma matéria no blog do ilustre Sebastião Lucena, aqui da capital Paraíba, uma matéria que me chamou bastante atenção e tem como titulo MATARAM ANAYDE OUTRA VEZ.

Mas quem foi Anayde a que o Tião, como é conhecido, nos fala?
Trata-se de Anayde Beiriz, professora, poetisa e namorada de João Duarte Dantas, advogado, jornalista, que vitimou o então Presidente da Paraíba João Pessoa, na Confeitaria Glória em Recife, no dia 26 de agosto de 1930.

Por que o titulo da intrigante matéria?

Na Rua Santo Elias, 186 – Centro da capital Paraíba morou entre os anos de 1928 e 1930 Anayde Beiriz e havia no lado direito da porta de entrada uma placa informando este fato, como forma de preservar a nossa memória e a nossa história.

Hoje esta placa não existe mais, foi retirada do local provavelmente pelos atuais proprietários de uma loja física da NATURA COSMÉTICOS, gigante no ramo em nosso país.

A propósito e reproduzindo trecho da matéria, relata o jornalista Tião Lucena o que o memorialista Williams Olegário da Trindade disse: “a sobrinha da escritora e poeta Anayde Beiriz, Ialmita Beiriz, já denunciou: a descaracterização da fachada da casa onde morou sua tia e cobra respeito e proteção aos prédios históricos da Capital.”

Em seu depoimento, Ialmita Beiriz diz: “estou triste em saber que a fachada centenária da casa onde morou Anayde e João Dantas, ícones precursores da Revolução de 30, foi totalmente destruída para dar lugar a sei lá o que”. A casa onde residiu Anayde, de 1928 a 1930, hoje deu lugar a uma boutique.”

Com a palavra as autoridades preservacionistas do nosso passado e de nossa história.