Um dos membros do grupo de Whatsapp que congrega empresários que preferiam um golpe de Estado à democracia em caso de vitória de Lula nas eleições presidenciais deste ano é André Tissot, do grupo Sierra Móveis, especializado na venda de móveis de luxo e sediado em Gramado (RS).
Segundo o empresário gaúcho, a ruptura com a democracia já deveria ter ocorrido: ““O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais.
Não é a primeira vez que Tissot manifesta seu desapreço pela democracia.Em 2018 , sua empresa foi denunciada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por tentativa de coação eleitoral após enviar uma carta aos funcionários manifestando preocupação com o rumo da eleição presidencial e elencando motivos para votar em Jair Bolsonaro.
“Meu voto é Bolsonaro – 17 e explico porque: Ele não tem medo de dizer o que pensa, protege os princípios da família, da moral e dos bons costumes. Luta contra o aborto e a sexualização infantil é a favor da redução da maioridade penal e segue os valores cristãos. Preservação da família, garantia de crescimento e desenvolvimento econômico do Brasil, garantia de ordem e progresso, garantia da propriedade, país sem corrupção, volta do investimento, aumento dos empregos, melhora do ambiente de negócios, entende quem faz o Brasil ir pra frente, trabalhará com os empresários e trabalhadores por um país melhor, liberdade para governar o país, pois não tem acerto com partidos políticos”, diz a carta.
Na mesma mensagem, o empresário também apresentou motivos para não votar na esquerda. “Fim da família, desestruturação das empresas brasileiras públicas ou privadas, corrupção demonstrada na Lava Jato e aumento da corrupção, pior crise econômica que o Brasil ja teve e ainda não passou, agravamento da crise econômica, volta da equipe econômica que destruiu o país, aumento do desemprego (já são 13 milhões de desempregados), aumento da criminalidade, falta de planejamento para o país, transformação do Brasil em uma Venezuela, em nenhum país a esquerda deu certo, exemplo: Venezuela, Cuba, Leste Europeu”.
Ele finalizou a carta dizendo que assumia o compromisso de não cortar o 13º salário e as férias dos funcionários e com os dizeres: “Confiem em mim”.
O MPT avaliou que a carta indicaria que um voto contrário à posição apresentada por Tissot implicaria em prejuízos para o país, a empresa e ao próprio empregado.
Em decisão liminar do 5 de outubro de 2018, a Justiça acatou a denúncia do MPT determinou que o grupo Sierra Móveis tinha 24 horas para divulgar um novo comunicado por escrito aos funcionários informando que eles tinham o direito de escolher livremente os seus candidatos e informando sobre a ilegalidade “de se realizar campanha pró ou contra determinado candidato, coagindo, intimidando, admoestando ou influenciando o voto de seus empregados, com abuso de poder diretivo”.