
Danecleide Claudia da Silva, de 35 anos, residente no Jardim Lidiane, uma favela da Zona Norte de São Paulo, decidiu doar R$ 25 mil para a campanha de Pablo Marçal (PRTB), apesar de enfrentar processos judiciais movidos por instituições financeiras. Embora deva mais de R$ 260 mil em processos judiciais, ela é a quarta maior doadora da campanha.
A Justiça já autorizou diversas vezes mandados de busca e apreensão para localizar veículos de Danecleide relacionados a processos de alienação fiduciária, mas frequentemente os bens não foram encontrados no endereço registrado.
A apoiadora de Marçal constava na lista de pessoas que receberam auxílio-aluguel até março de 2022, quando foi selecionada como beneficiária de um conjunto habitacional. Em 2020, antes de ser selecionada para o programa, ela abriu uma pequena loja de roupas na casa onde morava, na mesma favela, com um capital declarado de R$ 10 mil.
O Globo tentou contatar Danecleide por meio de números registrados em sua base de dados, mas uma outra mulher atendeu e reagiu irritada ao ser questionada sobre a doadora. “Essa Danecleide está devendo a Deus e o mundo, e todo mundo me liga cobrando”, afirmou. O imóvel da mulher, avaliado em R$ 600 mil na Freguesia do Ó, está atualmente alugado para outra pessoa.

O marido de Danecleide também confirmou a doação por telefone, mas não forneceu mais detalhes. “Não vou responder por ela. Ela não quer saber sobre esse negócio não, ela só fez lá, mas não quer saber não”, disse ele à Folha de S.Paulo.
Até ontem, a campanha de Marçal havia arrecadado R$ 1,7 milhão, com contribuições de 26 mil pessoas físicas, estabelecendo um recorde nacional no número de doadores individuais.
Diferente de outras campanhas, que recebem grandes doações de poucos contribuintes, a campanha de Marçal tem recebido contribuições menores, sem nenhum valor superior a R$ 100 mil, e R$ 10 mil já é suficiente para estar entre os dez maiores doadores.
No entanto, o total arrecadado ainda é consideravelmente inferior ao montante obtido pelos principais concorrentes via fundo eleitoral, como Ricardo Nunes (MDB), que recebeu R$ 27 milhões dos partidos da coligação.