Enfim, um blockbuster inteligente

Atualizado em 5 de maio de 2013 às 10:59

O novo filme de Danny Boyle, “Em Transe”, que estreou esta semana no Brasil, é a prova de que eles ainda não foram extintos.

Como sempre, Vincent Cassel está ótimo em seu papel

Parecia que eles tinham sido extintos, mas finalmente, neste fim de semana, haverá um lançamento nos cinemas brasileiros de um blockbuster interessante que não é voltado a super-heróis. Esse é Em Transe, novo filme do diretor inglês Danny Boyle.

Depois dos sucessos de Quem Quer Ser um Milionário, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Direção, e 127 Horas, o corajoso diretor – que dificilmente se repete, buscando fazer filmes diferentes uns dos outros, por mais que seja bem sucedido ou não – focou na direção da abertura dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres. Isso com certeza tomou bastante parte de seu tempo, o que levou ao intervalo de 3 anos desde seu último filme.

O roteiro de Em Transe lhe foi apresentado pela primeira vez em 1994, logo depois de Boyle filmar Cova Rasa, estrelado por Ewan McGregor. Joe Ahearne, roteirista até então iniciante, apresentou o argumento em busca de encorajamento – Boyle, apesar de estar ingressando na carreira como cineasta, já era um produtor de respeito no Reino Unido, tendo trabalhado por muitos anos na BBC, chegando até mesmo a produzir o filme Elefante, que causou polêmica na Inglaterra, dirigido pelo lendário Alan Clarke. O conselho de Boyle foi levar o filme para a TV, e foi isso que Ahearne fez, escrevendo o roteiro e dirigindo o filme para a Sky, em 2001.

Boyle nunca esqueceria dessa ideia e, depois de ver o sucesso que o filme fez no Reino Unido, imaginou o potencial que essa história teria com plateias internacionais, decidindo fazer um remake para os cinemas.

Apesar de alguns problemas que encontrou para formar o elenco – o ator Michael Fassbender teve que deixar o projeto antes das filmagens começarem – o diretor conseguiu reunir atores internacionais de uma forma que representassem bem a Londres atual – James McAvoy, substituto de Fassbender é escocês, enquanto Rosario Dawson é americana e Vincent Cassel francês. Boyle rodou o filme em setembro de 2011 e depois pausou os trabalhos na produção para se dedicar à abertura dos Jogos Olímpicos.

O filme tem uma trama muito interessante, que põe a perspectiva do personagem principal em dúvida graças a um trauma que sofre e, consequentemente, também deixa o público sem saber no que acreditar.

A história apresenta um funcionário de uma casa de leilões (James McAvoy) que arruma uma quadrilha para roubar pinturas, mas leva uma pancada na cabeça e acorda com amnésia. Como só ele sabe onde estão os quadros e o líder da quadrilha (Vincent Cassel) suspeita que ele está fazendo jogo duplo, os bandidos contratam uma hipnotizadora (Rosario Dawson) para procurar essas informações em sua mente.

O trailer mostra muitas das características dos filmes de Boyle presentes, principalmente a paleta de cores viva, como foi com 127 Horas e Quem Quer Ser um Milionário e a edição frenética, uma das marcas do diretor desde o começo de sua carreira.

Em Transe tem tudo para ser um dos poucos blockbusters com tramas inteligentes e originais (por mais que seja um remake) que temos no cinema atualmente. E os fãs do diretor podem ter mais motivos para ficarem com um sorriso no rosto – seu próximo projeto é a sequência de seu filme de maior sucesso, Trainspotting, que deve ser lançado em 2016.