Enquanto o mensalão de Bolsonaro está a pleno vapor pela reforma, desemprego cresce no país. Por Donato

Atualizado em 24 de abril de 2019 às 17:52
Jair Bolsonaro. (Sergio Lima/AFP)

O governo Bolsonaro abriu a carteira e acenou com R$ 40 milhões aos deputados que votarem a favor da reforma de Previdência. Isso depois de colocar o carimbo de top secret nos cálculos utilizados para a tal reforma.

Que tipo de gente votaria a favor de 2 + 2 = 5 sem que a conta seja aberta? Por R$ 40 milhões deve haver alguns.

DEM, PP, PRB, Solidariedade, PSD e PR confirmaram terem sido procurados por Onyx Lorenzoni com a proposta governista feita no mais puro ‘toma lá, dá cá’.

Além de manter sigilo sobre os estudos para proposta da PEC da Previdência, há outro indicador recente que o governo certamente gostaria de varrer para debaixo do tapete.

O mês passado foi o pior mês de março em termos de desemprego dos últimos dois anos. E não é demais lembrar que os últimos dois anos foram sob o desolador governo Michel Temer.

O mais recente balanço do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) trouxe o resultado negativo de 43.196 vagas com carteira assinada no mercado de trabalho. O estudo é divulgado pelo Ministério da Economia.

Nada menos que 1.304.373 trabalhadores foram demitidos, contra 1.261.177 admissões. Mais de um milhão e trezentas mil carteiras de trabalho receberam o carimbo “rescisão”, talkey?

Segundo dezessete consultorias e instituições financeiras procuradas pelo Jornal Valor, o resultado é frustrante. As projeções eram de um saldo positivo de 70 mil vagas. Ficou em menos 43 mil e, pior, sem perspectiva de melhora.

A hecatombe do governo liberal atingiu o país inteiro. Todas as regiões tiveram saldo negativo de empregos.

Se pegarmos estado por estado, apenas oito dos 27 tiveram um mês de março com mais contratações do que demissões.

De oito vitais segmentos econômicos, cinco deram marcha a ré:

Agropecuária (-9.545), Comércio (-28.803), Indústria de Transformação (-3.080), Construção Civil (-7.781) e Serviços Industriais de Utilidade Pública (-662).

Há que se debruçar sobre esses indicadores: o comércio foi o setor mais atingido e a região Sudeste a segunda mais afetada (Nordeste em primeiro).

Traduzindo, a região mais rica do país fechando vagas aos montes e o dinheiro deixando de circular via comércio.

Vem um trem por aí, não é luz no fim do túnel, não.

As admissões ocorridas no mês passado reportam um salário médio real de R$ 1.571,58 (uma perda de 0,51% em comparação ao salario médio do mesmo período do ano anterior).

Com um salário médio desses, não há muito que o trabalhador possa fazer para contribuir na retomada da economia, certo? Ou ele paga aluguel, ou coloca comida na mesa. Mais que isso, nem pensar.

Desde a reforma trabalhista aprovada no governo Temer sob o mantra de ser o que faltava para criar empregos, a expectativa era de geração de 6 milhões de postos de trabalho.

Temer passou o bastão para Bolsonaro e sob a agenda liberal estamos vendo empresas como Ford, RR Donnelley, a Fnac, a CVS arrumarem as malas e caírem fora. Nacionais como a Mabel idem (a PepsiCo é a dona).

Nos últimos três anos, o país teve 341,6 mil empresas fechadas! Os dados são do IBGE, que Bolsonaro refuta.

Temos mais de 13 milhões de desempregados. Portanto, há mais de 3 anos já sem o propalado ‘obstáculo Dilma’ que a direita demonizava,  o Brasil só tem caminhado para trás.

Enquanto papai Jair Bolsonaro tuíta neologismos e Huguinho, Zezinho e Luisinho fazem arruaça para distração geral da nação, o país torna-se um pouco pior a cada dia.

Em tempo: os parlamentares que confirmaram a abordagem sedutora de Onyx disseram, contudo, que não firmaram um acordo pois não confiam na palavra do governo bolsonarista de que vá cumprir com a liberação de R$ 40 milhões em emendas.

Pois é, os trabalhadores que confiaram que a coisa iria melhorar também devem ser da mesma opinião hoje em dia.