Enquanto Temer foge do encerramento da Rio 2016, Dilma vai ao Senado se defender. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 22 de agosto de 2016 às 19:09
Covarde
Covarde

 

Não que faça diferença a essa altura — deveria —, mas se havia alguma dúvida sobre a estatura moral de Temer e a de Dilma, ela ficou mais clara nestes dias de Olimpíada e reta final do impeachment.

Por pânico das vaias, o interino não foi ao encerramento dos Jogos. O pau mandado Rodrigo Maia estava em seu lugar.

O ato de covardia criou um constrangimento com a delegação japonesa, que foi ao Rio para a passagem de bastão para Tóquio, próxima sede.

O primeiro-ministro Shinzo Abe acabou recebido por Maia, presidente da Câmara dos Deputados. O protocolo manda que um chefe de governo seja recebido por outro, mas protocolo e respeito às regras não é a maneira como esse pessoal opera. Temer mandou — adivinhe — uma carta para o homem.

Numa coletiva de imprensa na manhã de sábado, dia 20, a prefeita da capital japonesa deu um resposta sutil a essa questão.

“Não acho que esse deve ser um tema para ser respondido por mim”, disse Yuriko Koike. A entrevista foi encerrada rapidamente.

Antes disso, o próprio MT fora evasivo quando indagado se estava fugindo. “Virei para a abertura da Paralímpiadas”, falou, como se estivesse enganado alguém.

Dilma, lembre-se, foi mandada tomar naquele lugar no primeiro dia de Copa do Mundo. No último, estava na mesma tribuna de honra.

Ela também avisou que vai fazer sua defesa no Senado no dia 29 pessoalmente. Declarou que não tem medo de ser xingada. “Se me hostilizarem, não será problema meu. Se o Senado quiser repetir a sessão da Câmara, é um problema do Senado”, disse.

O Senado vai, sim, repetir a Câmara, apenas com um pouco, bem pouco, mais de decoro. A figura de Dilma deve inibir, eventualmente, um ou outro corrupto disposto a fazer alguma palhaçada mais circense, do tipo estourar um rojão com confetes.

A senadora Vanessa Grazziotin diz que tem esperança de impedir o golpe. Lula também. Já Michel Temer tem a caneta. E é essa a moeda que circula ali, não o respeito à Constituição ou à Democracia.

Lula, aliás, falou à BBC Brasil sobre a presença de Dilma: “Vai ser um momento importante, um momento histórico porque a presidenta vai ao Senado se expor. Ela corajosamente vai se colocar diante de seus acusadores para que o Judas Iscariotes possa acusá-la na frente dela.”

Quem é o Judas Iscariotes. Renan Calheiros? Sim. Seus colegas? Sim. Há seis ex-ministros de Dilma que estão a favor derrubada da ex-chefe.

São eles Marta Suplicy, Garibaldi Alves, Eduardo Braga, Eduardo Lopes, Edison Lobão e Fernando Bezerra Coelho. Um ex-ministro de Lula, Cristovam Buarque, se transformou num exemplo acabado do canalha menor golpista.

Dilma vai encarar o Judas Futebol Clube e mais os torcedores num dia decisivo para a história do Brasil. Seu ex-vice decorativo prefere ficar no sofá e dar cano num premiê porque é medroso e não sabe viver fora das sombras.

Faça as contas.