Ensaio: marido fotografa mulher grávida de lingerie pelas ruas de BH

Atualizado em 12 de abril de 2015 às 8:07

O fotógrafo Alexandre Périgo e sua mulher Paola, atriz e cantora, resolveram “desafiar o machismo de Belo Horizonte”. Para tanto, Alexandre fez um ensaio em que Paola, grávida de quase nove meses, caminha por ruas da cidade de lingerie. (Numa foto específica, ela está nua.)

As reações das pessoas foram registradas por Alexandre, que autorizou a publicação das fotos ao DCM.

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Hoje fizemos um ensaio fotográfico, eu e mamãe Paola, ensaio este que foge completamente dos clichês habituais que assolam as fotos de gestantes: luz do sol estourada, poses “fofinhas” no meio do mato, olhares abestalhados para o infinito, sorrisinhos sonsos, papai beijando e mamãe segurando o barrigão, sapatinhos de bebê entre o casal e afins.

Posto agora, em homenagem ao Leonardo, nosso futuro meninão, a foto mais emblemática do trabalho: em um galpão abandonado o livro de Darwin “A Origem das Espécies” no alto e Paola, com seu barrigão, empurrando um carrinho hidráulico com um par de sapatos de menino, numa metáfora sobre peso da responsabilidade de se criar um filho.

Porque ser pai de duas crianças não é dividir o coração entre ambos; é passar a ter dois no peito!

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Hoje colocamos à prova o conservadorismo dos moradores e frequentadores de um dos bairros mais tradicionais e abastados de Beagá.

Paola desfilou seu barrigão pelas ruas mais movimentadas de Lourdes trajando apenas uma sexy lingerie, liga e salto alto.

E as mesmas pessoas que acham normal crianças nas ruas passando fome a pedir dinheiro reagiram indignadas por conta de uma gestante com pouca roupa, como se tivéssemos todos nascidos vestidos de escafandro.

O machismo ficou escancarado nos olhares e comentários masculinos e também na reprovação de muitas mulheres.

Mas nada disso importa; o que interessa é empoderar as mulheres, gestantes ou não, e mostrar a beleza advinda dessa força vital feminina.

Porque a vida é curta e preciosa demais pra gastarmos tempo a alimentar preconceitos.

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Em um mundo de merda, nascer é um ato revolucionário!

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Mandando o machismo e sua consequente “fragilidade das gestantes” pra bem longe – e por telefone, porque sem tempo de visitinhas, temos um mundo todo pra mudar!

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E por onde Paola desfilava sua coragem, seu poder, sua beleza e seu barrigão de quase 9 meses de gestação os olhares conservadores não davam trégua, seguidamente a nos condenar, num misto de receio e repúdio.

À surpresa muitos somavam um sorrisinho machista e dizeres do tipo “pode dizer que o filho é meu!”, como se assédio fosse elogio e pouca roupa fosse passaporte com visto para cantadas idiotas e indesejadas.

Outros fotografavam com seus celulares, como se uma gestante trajando pouca roupa equivalesse à aparição de um OVNI.

Todavia isso tudo só nos incentivou a seguir adiante com o ensaio.

Porque contra o preconceito, o machismo, a intolerância e o conservadorismo com os quais as ruas do bairro de Lourdes em Beagá nos receberam, nossas armas foram poucas mas muito potentes: amor e respeito às mulheres através de atitudes e de imagens.

 

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