Entenda como o nascimento de flores na Antártida pode ser uma má notícia

Atualizado em 29 de setembro de 2023 às 22:05
Pera-da-antártica. Foto: Wikipedia

A Antártica está passando por transformações significativas devido ao aumento das temperaturas e às mudanças climáticas. Cientistas observaram alterações notáveis na terra e no mar, com plantas, musgos e algas se espalhando em uma velocidade sem precedentes. Com informações do SoCientifica.

Em março do ano passado, pesquisadores da Universidade de Washington (UW) registraram uma onda de calor histórica na Antártica. Em um período de três dias, as temperaturas nas proximidades do Polo Sul aumentaram impressionantes 39°C acima da média, atingindo um pico de -10 °C.

Edward Blanchard-Wrigglesworth, cientista atmosférico da UW, descreveu essa onda de calor como a anomalia de temperatura mais quente já registrada globalmente. Utilizando uma estratégia de modelagem de “abordagem de enredo”, a equipe da UW estimou que a mudança climática do último século amplificou a onda de calor em 2°C.

Projeções indicam que uma onda de calor equivalente em 2096 poderia ser 6°C mais quente do que em 2022 (8°C em relação a 1922), o que poderia levar as temperaturas de março na Antártica próximo ao ponto de fusão.

A mudanças climática na Antártica também alterou os padrões de vegetação. O continente, historicamente coberto por neve e gelo, tinha apenas uma pequena porcentagem de terra adequada para plantas com flores, como a erva-pilosa-antártica (Deschampsia antarctica) e a pera-da-antártica (Colobanthus quitensis).

As temperaturas mais quentes nas últimas décadas impulsionaram o crescimento dessas plantas, com taxas de aumento superiores a 20% de 2009 a 2018.

Baía de Chiriguano, na Antártica. Foto: Johan Ordonez/AFP

Modelos que preveem cenários climáticos futuros sugerem que, até o final do século, poderá haver um aumento de três vezes na Península Antártica, proporcionando novas oportunidades para a colonização da vegetação. No entanto, os pesquisadores expressam preocupação com a perda irreversível da biodiversidade antártica.

Jasmine Lee, bióloga conservacionista do British Antarctic Survey, alerta que climas mais amenos reduzirão as barreiras para espécies invasoras de plantas e animais, representando uma ameaça aos ecossistemas nativos.

“Sabemos que haverá milhares de quilômetros quadrados de novas áreas livres de gelo e que as temperaturas mais altas e a água extra disponível criarão novos habitats prontos para a colonização, o que beneficiará algumas espécies”, afirmou.

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