Entenda por que Moraes não bloqueia as redes de Eduardo Bolsonaro

Atualizado em 2 de agosto de 2025 às 10:27
Eduardo Bolsonaro usando celular. Foto: reprodução

As medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o clã Bolsonaro apresentam uma aparente contradição que tem gerado debates entre juristas e políticos. Enquanto Jair Bolsonaro (PL) foi proibido de usar redes sociais, seu filho Eduardo (PL-SP) continua postando livremente, mesmo sendo considerado pelo STF como peça central na estratégia de pressão internacional contra o Judiciário brasileiro. Com informações de Malu Gaspar, de O Globo.

As restrições ao ex-presidente incluíram tornozeleira eletrônica, veto ao uso de redes sociais e proibição de contato com Eduardo. Já o deputado teve apenas contas bancárias bloqueadas, mantendo ativa sua campanha digital por sanções internacionais contra o STF, campanha que culminou na inclusão de Moraes na lista Magnitsky dos EUA na última quarta-feira (30).

“Por que não bloquear as redes de Eduardo também?” tornou-se a pergunta que ecoa nos corredores do STF e entre especialistas em direito constitucional. O próprio Moraes justificou as restrições a Jair Bolsonaro afirmando que suas postagens sobre o “tarifaço” de Trump e ameaças ao STF configuram “condutas de embaraçar” o processo judicial e instigar “atos hostis contra o Brasil”.

Jair Bolsonaro mostrando a tornozeleira eletrônica. Foto: reprodução

Há duas hipóteses principais para explicar a aparente lacuna:

1. Cálculo estratégico: Especialistas sugerem que Moraes pode ter evitado uma ordem que Eduardo provavelmente desrespeitaria do exterior, poupando o STF de um constrangimento institucional. A experiência com outros bolsonaristas “exilados” como Allan dos Santos mostra a dificuldade de fazer cumprir decisões judiciais em plataformas como o X de Elon Musk.

2. Evitar vitimização: Há avaliação de que bloquear Eduardo poderia fortalecer o discurso de perseguição política, argumento usado pelos bolsonaristas junto à Casa Branca. Um ministro do STF ouvido pela reportagem confirmar essa análise.

O inquérito destaca o papel central de Eduardo na estratégia internacional, com provas de transferências de R$ 2 milhões do pai para bancar sua estadia nos EUA. A PF apontou que o deputado “passou a repostar conteúdos em inglês” especificamente para influenciar o público estrangeiro e interferir nas investigações.

Enquanto isso, Eduardo mantém seu tom desafiador: “A ofensiva só cessará com anistia ampla para bolsonaristas”, declarou em suas redes, que seguem ativas. O paradoxo permanece – o filho continua livre para fazer exatamente o que levou o pai a ser silenciado.