Entidade judaica pede afastamento de Nikolas por defesa do direito de negar o Holocausto

Atualizado em 7 de março de 2024 às 19:26
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara

A Articulação Judaica de Esquerda (AJE) pede o afastamento do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) da Comissão de Educação da Câmara por defender que as pessoas tenham o direito de negar o Holocausto e a criação de um partido nazista. O parlamentar fez a declaração em uma entrevista antiga e o trecho viralizou nas redes nesta quinta (7). 

A entidade afirma que o parlamentar fez um discurso com “retórica fascista mal disfarçada” e diz que o bolsonarista tenta “normalizar” o extermínio de judeus. “A proibição que foi instituída em Lei teve o objetivo de cessar a desinformação fabricada por agitadores radicais, simpatizantes e aderentes da ideologia nazista”, avalia a entidade.

“Exigimos o afastamento de Nikolas Ferreira do cargo de presidente da Comissão de Educação do Congresso Nacional porque suas ideias colocam em risco a integridade nacional e, particularmente, têm o potencial de contribuir com a formação de jovens com teorias antissemitas, anti-LGBTIA+, capacitistas, e que associam ser artista, intelectual ou ser de esquerda ao crime”, diz a nota da AJE.

Leia na íntegra a nota da AJE:

EXIGIMOS O AFASTAMENTO DE NIKOLAS FERREIRA: NÃO HÁ LUGAR PARA PARTIDO NAZISTA E NEGAÇÃO DO HOLOCAUSTO NO BRASIL!

Em declaração ano passado, o deputado Nikolas Ferreira (PL), que acabou de ser eleito presidente da Comissão de Educação no Congresso Nacional, afirmou à grande audiência do podcast Dois Irmãos que “é melhor não proibir a negação do Holocausto” ou “a criação de partidos nazistas”, “como já existe um nos EUA”, pois, “a liberdade de expressão é o melhor remédio” para a humanidade.

Este tipo de pensamento, sob uma retórica fascista mal disfarçada, pretende normalizar aquilo que décadas atrás políticos de todos espectros decidiram que era inaceitável no Brasil: a negação das atrocidades cometidas em campos de concentração que levaram ao assassinato de 2\3 dos judeus no mundo (!), além de milhões de outras vítimas por serem LGBTIA+, pessoas com deficiência, ciganos, eslavos ou politicamente comunistas.

A proibição que foi instituída em Lei teve o objetivo de cessar a desinformação fabricada por agitadores radicais, simpatizantes e aderentes da ideologia nazista.

E significou um avanço contra a possibilidade que sobreviventes dos campos, como alguns de nossos antepassados, e o restante da população tivessem que conviver, por exemplo, com faixas, panfletos ou cartazes afirmando “que o Holocausto foi uma mentira inventada (pela esquerda)”.

Não aceitamos a tentativa de transformar o que aconteceu, um genocídio em escala industrial, em uma polêmica ideológica. Não há possibilidade razoável de negação dos fatos sob o argumento de que a liberdade de um extremista seria prejudicada.

Exigimos o afastamento de Nikolas Ferreira do cargo de presidente da Comissão de Educação do Congresso Nacional porque suas ideias colocam em risco a integridade nacional e, particularmente, têm o potencial de contribuir com a formação de jovens com teorias antissemitas, anti-LGBTIA+, capacitistas, e que associam ser artista, intelectual ou ser de esquerda ao crime.

Divergências políticas são naturais, mas produzir narrativas falsas sobre o Holocausto e o nazismo ultrapassa uma linha vermelha. Lembramos o que aconteceu, e perseguimos com rigor com a verdade, para que nada semelhante jamais se repita.

Siga nossa nova conta no X, clique neste link

Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link