A Articulação Judaica de Esquerda (AJE) pede o afastamento do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) da Comissão de Educação da Câmara por defender que as pessoas tenham o direito de negar o Holocausto e a criação de um partido nazista. O parlamentar fez a declaração em uma entrevista antiga e o trecho viralizou nas redes nesta quinta (7).
A entidade afirma que o parlamentar fez um discurso com “retórica fascista mal disfarçada” e diz que o bolsonarista tenta “normalizar” o extermínio de judeus. “A proibição que foi instituída em Lei teve o objetivo de cessar a desinformação fabricada por agitadores radicais, simpatizantes e aderentes da ideologia nazista”, avalia a entidade.
VÍDEO: Nikolas Ferreira defendeu o "direito de negar o Holocausto e fundar partidos nazistas".
Citando a "liberdade de expressão", extremista que acaba de ser eleito presidente da Comissão de Educação, afirmou ao podcast Irmãos Dias que "é melhor não proibir essas 'opiniões'". pic.twitter.com/tywg7A27q0
— Articulação Judaica de Esquerda 🇿🇦 (@AJEOficial) March 7, 2024
“Exigimos o afastamento de Nikolas Ferreira do cargo de presidente da Comissão de Educação do Congresso Nacional porque suas ideias colocam em risco a integridade nacional e, particularmente, têm o potencial de contribuir com a formação de jovens com teorias antissemitas, anti-LGBTIA+, capacitistas, e que associam ser artista, intelectual ou ser de esquerda ao crime”, diz a nota da AJE.
Leia na íntegra a nota da AJE:
EXIGIMOS O AFASTAMENTO DE NIKOLAS FERREIRA: NÃO HÁ LUGAR PARA PARTIDO NAZISTA E NEGAÇÃO DO HOLOCAUSTO NO BRASIL!
Em declaração ano passado, o deputado Nikolas Ferreira (PL), que acabou de ser eleito presidente da Comissão de Educação no Congresso Nacional, afirmou à grande audiência do podcast Dois Irmãos que “é melhor não proibir a negação do Holocausto” ou “a criação de partidos nazistas”, “como já existe um nos EUA”, pois, “a liberdade de expressão é o melhor remédio” para a humanidade.
Este tipo de pensamento, sob uma retórica fascista mal disfarçada, pretende normalizar aquilo que décadas atrás políticos de todos espectros decidiram que era inaceitável no Brasil: a negação das atrocidades cometidas em campos de concentração que levaram ao assassinato de 2\3 dos judeus no mundo (!), além de milhões de outras vítimas por serem LGBTIA+, pessoas com deficiência, ciganos, eslavos ou politicamente comunistas.
A proibição que foi instituída em Lei teve o objetivo de cessar a desinformação fabricada por agitadores radicais, simpatizantes e aderentes da ideologia nazista.
E significou um avanço contra a possibilidade que sobreviventes dos campos, como alguns de nossos antepassados, e o restante da população tivessem que conviver, por exemplo, com faixas, panfletos ou cartazes afirmando “que o Holocausto foi uma mentira inventada (pela esquerda)”.
Não aceitamos a tentativa de transformar o que aconteceu, um genocídio em escala industrial, em uma polêmica ideológica. Não há possibilidade razoável de negação dos fatos sob o argumento de que a liberdade de um extremista seria prejudicada.
Exigimos o afastamento de Nikolas Ferreira do cargo de presidente da Comissão de Educação do Congresso Nacional porque suas ideias colocam em risco a integridade nacional e, particularmente, têm o potencial de contribuir com a formação de jovens com teorias antissemitas, anti-LGBTIA+, capacitistas, e que associam ser artista, intelectual ou ser de esquerda ao crime.
Divergências políticas são naturais, mas produzir narrativas falsas sobre o Holocausto e o nazismo ultrapassa uma linha vermelha. Lembramos o que aconteceu, e perseguimos com rigor com a verdade, para que nada semelhante jamais se repita.
EXIGIMOS O AFASTAMENTO DE NIKOLAS FERREIRA: NÃO HÁ LUGAR PARA PARTIDO NAZISTA E NEGAÇÃO DO HOLOCAUSTO NO BRASIL!
Em declaração ano passado, o deputado Nikolas Ferreira (PL), que acabou de ser eleito presidente da Comissão de Educação no Congresso Nacional, afirmou + pic.twitter.com/0CK1KxqP3k
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