Entorno de Tarcísio vê tarifaço como o maior erro do clã Bolsonaro; entenda

Atualizado em 16 de julho de 2025 às 20:17
Tarcísio de Freitas, governador de SP. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aliados do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), consideram que o envolvimento do clã Bolsonaro na crise do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil foi o maior erro político da família.

A atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para pressionar o governo Trump a sancionar economicamente o Brasil, como forma de retaliação ao julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, colocou o país e o governador paulista em uma posição delicada.

Inicialmente, Tarcísio culpou o governo Lula pela crise diplomática e pelo impacto econômico, o que gerou críticas do mercado e de setores industriais. Em seguida, o governador mudou o tom, defendeu o diálogo com a Embaixada americana e reuniu empresários paulistas em busca de alternativas. Eduardo Bolsonaro, por outro lado, seguiu atacando, defendendo a negociação de uma anistia para o pai e demais aliados envolvidos no 8 de janeiro.

Até políticos próximos de Eduardo admitem que o deputado licenciado agiu sob emoção, enquanto membros do entorno de Tarcísio avaliam que o governador adotou uma posição mais estratégica para proteger a economia paulista. Jair Bolsonaro precisou intervir, ligando para ambos e pedindo o fim das críticas públicas. Flávio e Carlos Bolsonaro também saíram em defesa de Tarcísio, para conter o desgaste na base bolsonarista.

Governador de SP, Tarcísio de Freitas e Bolsonaro. Foto: Divulgação

Internamente, o conflito entre Eduardo Bolsonaro e Tarcísio também é visto como reflexo de uma disputa política. O governador paulista é considerado um nome mais viável para a direita moderada e o Centrão, enquanto Eduardo enfrenta resistências como potencial candidato ao Planalto. O receio entre bolsonaristas é que a população associe o tarifaço diretamente à influência do deputado sobre Trump.

O governador paulista, por sua vez, deve adotar uma postura mais discreta sobre o assunto daqui em diante. Após reunião com empresários e representantes da embaixada americana, o governador pretende se afastar do centro da negociação para evitar mais desgastes políticos. Aliados afirmam que ele já cumpriu seu papel inicial de defesa do setor produtivo de São Paulo.

Desde o anúncio da taxação de 50% sobre produtos brasileiros, Tarcísio ajustou o discurso para minimizar o impacto político. Chegou a sugerir contato com governadores de estados americanos para buscar alternativas à tarifa, que entra em vigor em 1º de agosto. O episódio, no entanto, expôs divergências na direita e tensões entre bolsonaristas e o governador paulista.