Entre 5 diretores da Anvisa que decidirão sobre vacina, 3 foram indicados por Bolsonaro. Por Igor Carvalho

Atualizado em 14 de janeiro de 2021 às 7:15
Bolsonaro com sua grande arma

Publicado originalmente no Brasil de Fato:

Por Igor Carvalho

A Diretoria Colegiada da Anvisa se reunirá no próximo domingo (17) para decidir sobre os pedidos de uso emergencial das vacinas da Fiocruz e do Instituto Butantan contra a covid-19. A reunião será transmitida ao vivo pelo órgão. Ao todo, cinco diretores votarão sobre a liberação do medicamento.

Dos cinco dirigentes, três foram indicados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido): Antônio Barra Torres, que é presidente da Anvisa, Cristiane Rosa Jourdan Gomes e Romison Rodrigues Mota. O quarto integrante, Alex Machado Campos, é uma indicação do centrão. Somente uma diretora, Meiruze Sousa Freitas, é servidora de carreira da agência.

Perfil

Torres sempre esteve aliado com a conduta negacionista adotada por Bolsonaro, em relação à covid-19. Em 15 de março de 2020, o presidente da Anvisa participou de uma manifestação ao lado do presidente sem utilizar a máscara, equipamento recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para coibir a contaminação do vírus.

Com formação médica pela Fundação Técnico-Educaciona Souza Marques, Torres ingressou na carreira militar e está há 33 anos na Marinha, onde chegou ao posto contra-almirante, o terceiro na hierarquia. Sua indicação à direção da Anvisa foi feita pelo presidente.

No grupo indicado por Bolsonaro, está, também, Cristiane Rose Jourdan Gomes, médica especialista em endocrinologia, com graduação em Direito e que dirigia o Hospital Federal de Bonsucesso até agosto de 2020.

Em suas redes sociais, Gomes expressava o alinhamento ideológico com Bolsonaro. A médica chegou a postar links com textos defendendo o uso da hidroxicloroquina, criticando a imprensa e o Supremo Tribunal Federal (STF). Durante o ano de 2020, a diretora da Anvisa também condenou os grupos antifascistas, que foram às ruas protestar contra o presidente.

O último dos indicados por Bolsonaro é Romison Rodrigues Mota, economista por formação e servidor da Anvisa desde 2005. Mota porém sempre ocupou cargos administrativos dentro do órgão. Antes de ser nomeado para a diretoria colegiada, era gerente geral de gestão administrativa e financeira.

O advogado Alex Machado Campos fez sua carreira como servidor na Câmara dos Deputados. Mas ganhou visibilidade em Brasília quando chefiou o gabinete de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde. De lá, teria sido indicado ao cargo na Anvisa pelo centrão, de acordo com o jornal Estado de Minas.

Meiruze Sousa Freitas é formada em tecnologia farmacêutica e está na Anvisa desde 2007, com ampla experiência em projetos técnicos da agência. No órgão, já ocupou o cargo de diretora-adjunta.

(…)