Escândalo bilionário expõe fragilidade do governo Tarcísio no combate à corrupção

Atualizado em 14 de agosto de 2025 às 17:58
O secretário estadual da Fazenda, Samuel Kinoshita, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Roberto Casimiro/Agência O Globo

A prisão do empresário Sidney de Oliveira, dono da Ultrafarma, e do auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto revelou um esquema bilionário de propinas na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP), envolvendo créditos tributários irregulares e a suposta omissão de ações de fiscalização. O caso atinge diretamente a alta cúpula da Receita Estadual e ameaça comprometer nomes de confiança do governo Tarcísio de Freitas.

Segundo denúncia feita na tribuna da Assembleia Legislativa pelo deputado estadual Paulo Fiorilo (PT), o auditor preso está vinculado à Diretoria de Fiscalização, subordinada à Subsecretaria da Receita Estadual, comandada por Marcelo Bergamasco — homem de confiança do secretário Samuel Kinoshita.

Bergamasco, que atua em home office na Itália, manteve o cargo graças a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) criado por decreto do governador e do secretário, evitando sua exoneração mesmo diante de críticas pela ausência física no combate à sonegação.

Fiorilo acusa o Palácio dos Bandeirantes de blindagem política e de proteger dirigentes em vez de priorizar o enfrentamento à corrupção. Há expectativa de que tanto Artur Gomes quanto Sidney de Oliveira firmem delações premiadas, o que pode ampliar a crise e expor vínculos ainda não revelados entre empresários, servidores e figuras influentes do governo estadual.

Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma. Foto: Divulgação

O caso lança dúvidas sobre a postura do governador Tarcísio e do secretário Kinoshita frente a um esquema que, segundo críticos, revela um sistema de corrupção enraizado na máquina arrecadatória paulista.

A depender dos desdobramentos, a apuração pode se transformar em um dos maiores escândalos fiscais já registrados no estado, com potencial de atingir diretamente o núcleo político e administrativo da gestão atual.

Segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), o esquema movimentou mais de R$ 1 bilhão em propinas nos últimos anos. Além de Sidney e de Artur, também foram presos Mário Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, e o auditor Marcelo de Almeida Gouveia.