Escândalo sexual abala Conselho de Medicina: superintendente foi afastado por chantagear advogada

Atualizado em 11 de outubro de 2020 às 7:44
Sede do Cremesp. Foto: divulgação

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO CONJUR

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) afastou, esta semana, o ex-superintendente jurídico do órgão, Osvaldo Pires Garcia Simonelli, que é acusado de ter chantageado uma colega.

Em nota oficial divulgada neste sábado (10/10), a entidade informa que já havia apresentado pedido de instauração de procedimento ético disciplinar na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no início do ano, por alegada chantagem sexual e pela suspeita de direcionamento de licitações em favor de sua mulher e patrocínio infiel.

Na representação da advogada foram anexados e-mails em que o então superintendente teria ameaçado divulgar vídeos íntimos com ela — com quem teve um relacionamento. Em outra mensagem, ele a teria ameaçado de forjar acusações no Conselho contra os pais dela, que são médicos.

Simonelli ocupou o cargo de superintendente no departamento jurídico do Cremesp entre 2016 e 2018. Ao tomar ciência de tais irregularidades, o Conselho instaurou sindicâncias funcionais para apurar as denúncias e, ao fim das investigações, exonerou Simonelli, na última quarta (7/10).

Enquanto advogado do Cremesp, Simonelli chegou a se manifestar em processo movido contra a atual diretoria do Conselho, que passou a investigá-lo, com o intuito de destituí-la. Por conta disso, o advogado também foi denunciado à OAB por patrocínio infiel, que ocorre quando um advogado atua para duas partes em uma disputa.

No período que antecedeu seu processo demissional, a neuropediatra e presidente do Cremesp, Irene Abramovich, recebeu e-mails anônimos em tom de ameaça, exigindo sua renúncia. No dia do julgamento de Simonelli, no Conselho, seu advogado leu carta escrita pelo ex-funcionário com o mesmo teor dos e-mails recebidos pela presidente.

O caso seguiu para apuração da polícia, que investiga ainda a participação de outros funcionários e conselheiros, suspeitos de tentar obstruir as investigações contra Simonelli.