“Escárnio”: Manobra de Eduardo é escrachada por Tabata e Lindbergh vai acionar Justiça

Atualizado em 17 de setembro de 2025 às 7:31
Os deputados Lindbergh Farias (PT-RJ), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP). Foto: Reprodução

O PL oficializou nesta terça-feira (16) a escolha de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como novo líder da minoria na Câmara dos Deputados para evitar que ele perca o mandato por excesso de faltas. A decisão gerou forte reação de parlamentares, que classificaram a manobra como um “escárnio” e já prometem recorrer à Justiça.

Eduardo deixou o Brasil no início do ano para articular, nos Estados Unidos, sanções do governo Donald Trump contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra a economia brasileira. O objetivo era tentar impedir a condenação de seu pai, Jair Bolsonaro (PL), por liderar a trama golpista.

Mesmo vivendo no exterior, Eduardo passa a ocupar um cargo estratégico que permite continuar sem registrar presença no plenário da Câmara, já que líderes partidários estão dispensados de bater ponto. Dessa forma, poderá manter salário integral e evitar punições por faltas.

Tabata Amaral chama decisão de “escárnio”

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) criticou duramente a nomeação do bolsonarista. O filho “03” de Jair Bolsonaro assume o posto que hoje pertence à deputada Caroline de Toni (PL-SC).

“Transformar Eduardo Bolsonaro em líder da minoria para que ele possa se safar da perda do mandato é o maior escárnio da nossa história. Um deputado que abandonou o mandato, abandonou o país e que conspira de fora contra os brasileiros não pode ser premiado com cargo de liderança”, declarou.

Lindbergh promete reação na Câmara e na Justiça

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), anunciou que vai reagir à estratégia do PL. “Se concretizarem isso, vamos entrar com medidas no plenário e até na Justiça contra essa isenção de faltas dos líderes e da mesa. Isso é um absurdo”, disse Lindbergh.

Nas redes sociais, ele acrescentou que já tem um mandado de segurança pronto para ingressar na Justiça assim que a nomeação de Eduardo for publicada.

Manobra usa brecha em resolução da Câmara

O PL se apoiou em uma resolução de 2015 da Câmara que garante aos líderes partidários a dispensa de registrar presença em plenário. A brecha foi usada para blindar Eduardo Bolsonaro de perder o mandato por excesso de faltas.

Segundo a Constituição, um parlamentar pode perder o cargo se deixar de comparecer a um terço ou mais das sessões de votação no ano.

O “Bananinha” não registrou presença ou voto em nenhuma sessão desde o fim de sua licença de 122 dias, em 20 de julho. Somente em 2025, já acumula 18 ausências não justificadas, o que equivale a mais da metade (56,25%) dos dias com sessões deliberativas em que deveria ter comparecido.